Maior floresta tropical do
mundo, sofre com diversas ações praticadas pelo...
Maior floresta tropical do mundo,
a Amazônia sofre com diversas ações praticadas pelo ser humano, como o
desmatamento, o garimpo ilegal, a grilagem de terras. Nesta terça-feira (5),
Dia da Amazônia, organizações lembram a urgência de preservação desse
bioma, principal floresta tropical do mundo.
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Dados do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mostram que 224 espécies da... |
Com extensão aproximada de 421 milhões de hectares, a Amazônia
representa um terço das florestas tropicais do mundo. A região é
responsável por vários processos climáticos, a exemplo da evaporação e
transpiração da floresta, que ajudam a manter o equilíbrio do clima e a
manutenção dos estoques de água doce. Além disso, abriga mais da
metade da biodiversidade do planeta. |
''A gente tem floresta por causa do modo tradicional de vida dessas populações, portanto esses povos têm importância central e as...'' |
Dados do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da
Biodiversidade (Salve), do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), mostram que 224 espécies da fauna na Amazônia estão
sofrendo algum tipo de ameaça e pelo menos uma já foi considerada extinta. São
139 espécies categorizadas como ''vulnerável”; 48 ''em perigo”; e 38 ''criticamente em perigo”.
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''O dia 5 é para fazermos uma reflexão sobre como podemos parar com esses...'' |
Entre os animais em risco
estão o peixe-boi-da-amazônia, tamanduá-bandeira, a onça-pintada,
ararajuba e a anta, classificados como ''vulneráveis”. Já espécies de peixe,
como Acari, estão “criticamente em perigo”.
Para o coordenador-geral das Organizações Indígenas da Amazônia,
(Coiab), Toya Manchineri, o Dia da Amazônia é de luta e reflexão.
Coordenando mais de 70 organizações indígenas, Toya afirmou que, neste ano,
ainda não há muito a comemorar por causa do avanço do desmatamento,
do garimpo ilegal e das ameaças aos povos indígenas e tradicionais no
governo Jair Bolsonaro.
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Uma das principais preocupações é que com a continuidade de projetos como esses, aliados ao desmatamento, ao garimpo ilegal, à grilagem de terras para... |
''É um dia especial de luta e que não tem nada para comemorar,
principalmente se pegarmos os dados produzidos pela agência de
pesquisa, que são do governo passado. Aí há uma destruição em massa da
floresta, do bioma e uma onda crescente de assassinatos e perseguição aos povos
indígenas, quilombolas e extrativistas”, disse a liderança indígena à
reportagem. ''O dia 5 é para fazermos uma reflexão sobre como podemos
parar com esses assassinatos e a perseguição aos povos que vivem na floresta.
Então, é um momento de reflexão e não de comemoração”, ressaltou. |
Adriana também citou o aumento do crime organizado na região e a necessidade de políticas voltadas para as... |
Avaliação similar é feita pela
assessora de política e direito socioambiental do Instituto Socioambiental
(ISA) Adriana Ramos. Ela destaca que, apesar dos dados recentes apontarem queda
expressiva do desmatamento nos sete primeiros meses do ano, ainda há muito a
ser feito. Dados do governo federal mostram uma redução no desmatamento de
42% do bioma amazônico nesse período. Em julho, a queda foi de 66%, em agosto a
expectativa é que tenha permanecido em patamar similar. |
Toya também criticou a possibilidade de aprovação da tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, em especial na... |
''Digamos que não temos tanto o
que comemorar porque há uma série de desafios que precisamos enfrentar e
que continuam muito distantes. A Amazônia tem grande parcela do Brasil e o
país precisa dar a ela a relevância que tem”, disse a ambientalista. |
Adriana lembrou que os povos indígenas e tradicionais são os que mantiveram a floresta de pé. |
Adriana também citou o aumento do crime organizado na região e a
necessidade de políticas voltadas para as populações locais.
''É preciso reconhecer que a violência e o crime organizado
cresceram muito na região. Ainda tem gente vivendo nas cidades da
Amazônia, demandando atenção e a criação de oportunidades de
desenvolvimento. Ao mesmo tempo, há muitas ameaças aos territórios
tradicionais, às terras indígena, às unidades de conservação que precisam ser
enfrentadas para que essas áreas, que simbolizam o que de mais rico a Amazônia
tem em termos de biodiversidade e de enfrentamento à crise climática, sejam
mais valorizadas”, afirmou.
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O termo é usado por especialistas para se referir ao momento em que a floresta perde sua capacidade de se... |
Outro alerta é sobre o avanço de grandes projetos de
infraestrutura na região, como a pavimentação da BR-319, construída pelos
governos militares nos anos 70, e a estrada do Pacífico. Para a
assessora de política e direito socioambiental do ISA, esses projetos têm
impacto imenso no processo de desmatamento da região, uma vez que podem gerar
aumento da circulação de grileiros e madeireiros ilegais na região, além de não
trazer benefícios concretos para os moradores. |
Em julho, a queda foi de 66%, em agosto a expectativa é que... |
Uma das principais preocupações é
que com a continuidade de projetos como esses, aliados ao desmatamento, ao
garimpo ilegal, à grilagem de terras para fazer pasto, a Amazônia possa atingir
o ponto de não retorno. O termo é usado por especialistas para se referir ao
momento em que a floresta perde sua capacidade de se autorregenerar, em
função do desmatamento, da degradação e do aquecimento global, tendendo, então,
ao processo de desertificação.
''São projetos que terão impacto
imenso e que não estão em uma estratégia de desenvolvimento da região. É
preciso que a gente pense projetos econômicos de valorização da área, dos
serviços ambientais gerados a partir do uso sustentável da floresta e que vão
fortalecer aquilo que a Amazônia tem para oferecer de melhor neste momento, que
são as condições de enfrentamento à emergência climática. Isso a gente só
vai conseguir manter se evitar o chamado ponto de não retorno, o que significa
paralisar o desmatamento e a perda de biodiversidade.
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''O marco temporal é nocivo para os indígenas, ao impor limites para a demarcação dos territórios. Se ele for aprovado, muitos dos...'' |
O coordenador da Coiab destaca que esses projetos não
são pensados em conjunto com as populações que habitam a região. Toya
Manchineri cita a monocultura como uma das atividades de grande
impacto no desmatamento e nos conflitos agrários na Amazônia. |
''São projetos que terão impacto imenso e que não estão em uma estratégia de desenvolvimento da região. É preciso que...'' |
''Os projetos econômicos levam muitas complicações para os povos indígenas.
Primeiro que eles não são pensados em conjunto com os povos que vivem na
Amazônia. Eles vêm muito com um olhar externo de desenvolvimento, que muitas
vezes não reflete a realidade local. Aí temos a questão do garimpo que é
bastante ruim, ele destrói a floresta, destrói a organização social e deixa
doença nos territórios indígenas. Então, são projetos de garimpo e de
monocultura que acabam com a floresta”, afirmou.
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Para o ISA, a aprovação do marco temporal pelo Supremo Tribunal Federal mostra interpretação distorcida da... |
Toya também criticou a
possibilidade de aprovação da tese do marco temporal para a demarcação de
terras indígenas, em especial na Amazônia, e disse que se a medida
for aprovada, haverá intensificação das ameaças aos povos e a perda de
direitos.
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Outro alerta é sobre o avanço de grandes projetos de infraestrutura na região, como a pavimentação da BR-319, construída pelos... |
''O marco temporal é nocivo para os indígenas, ao impor limites
para a demarcação dos territórios. Se ele for aprovado, muitos dos nossos
territórios serão revisados, muitos dos nossos parentes, que não estão com seu
território demarcado, vão perder e, muito provavelmente, sofrer uma pressão
muito grande de invasores. Muitas mortes vão ocorrer”, denunciou.
Para o ISA, a aprovação do marco temporal pelo Supremo Tribunal
Federal mostra interpretação distorcida da Constituição Federal, que pode
contribuir com a ''indústria da grilagem de terra”. Adriana lembrou que os
povos indígenas e tradicionais são os que mantiveram a floresta de pé.
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O coordenador da Coiab destaca que esses projetos não são pensados em conjunto com as...
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''A gente tem floresta por
causa do modo tradicional de vida dessas populações, portanto
esses povos têm importância central e as suas práticas de manejo e de
agricultura são responsáveis pela manutenção da floresta em pé. É impossível
imaginar um futuro com floresta em pé na Amazônia sem que os povos originários
e tradicionais tenham protagonismo nesse processo”, disse.
EBC
EDIÇÃO DE ANB
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