Valeu a pena?
Mineradora brasileira foi vendida em 1997 e mostrou ter valor maior que o estimado pelo Governo à época
O valor da venda, àquela época, já era motivo de protestos. Sua defasagem ficou mais evidente após a CVRD, depois renomeada Vale, multiplicar seu... |
O valor da venda, àquela época, já era motivo de protestos. Sua defasagem ficou mais evidente após a CVRD, depois renomeada Vale, multiplicar seu valor e seu lucro explorando reservas ainda não precificadas.
Levando em conta o preço das ações da
Vale vendidas pelo governo no leilão de 1997, a companhia valia, ao todo, R$
12,5 bilhões naquela época. No mês passado, o valor de mercado da mesma
companhia era de R$ 452 bilhões, segundo
um estudo da consultoria Economatica – valorização de mais de
3.500%.
Só no ano passado, a Vale lucrou R$ 121 bilhões – quase dez vezes o que o governo dizia que ela valia em 1997. O ganho foi o maior já registrado por uma empresa brasileira na história, também segundo a Economatica.
Em 2021, a empresa distribuiu a seus
acionistas mais de R$ 73 bilhões em dividendos (participação nos lucros). O
governo, que vendeu seu controle da Vale por 2,4% disso, não foi beneficiado.
Hoje, o maior acionista da Vale é o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, o Previ, e fundos de investimento estrangeiros.
O governo ainda mantém a chamada “golden share”, ou seja: pode vetar mudança da sede e venda de bens, por exemplo. Não tem, entretanto, participação acionária importante.
''Já na época da venda, havia gente
estimando que a Vale valia até R$ 100 bilhões. O preço da privatização foi
subestimado”, afirmou Luiz Paulo Guimarães, coordenador nacional do Movimento
pela Soberania na Mineração (MAM). “Hoje, a empresa tem lucro recorde e o
governo não tem retorno com isso.”
"Independentemente do valor, alguém sabe para onde foi esse dinheiro? Ninguém”, complementa a economista e professora da Universidade Federal da Paraná (UFPR), Liana Carleial. “O Estado perdeu receita e poder de investimento a troco de nada.”
Não é só sobre economia
Guimarães, do MAM, disse ainda que a perda do Estado brasileiro com a venda da Vale vai muito além da econômica. Segundo ele, a privatização marcou o fim da participação e controle estatal sobre a mineração no país.
Ele lembra que a Constituição de 1989 proibia que empresas com capital estrangeiro explorassem minérios no Brasil. Isso mudou com a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em 1995. Essa PEC “preparou o terreno” para a venda da Vale, disse Guimarães. Em 1997 a empresa foi privatizada sob interesses de investidores internacionais.
''A partir da privatização da Vale, o
Estado deixou de ser o explorador dos recursos naturais do país. Ele virou um
mero concessionário de direitos a empresas”, afirmou.
Essas empresas visam o lucro acima de
tudo. Segundo Guimarães, aliás, a Vale é uma das mais dispostas a ignorar
direitos na busca por dinheiro.
Em 2012, foi escolhida a pior empresa do mundo em votação promovida por organizações como Greenpeace e Declaração de Berna.
Em 2015, uma barragem de rejeitos da
Samarco Mineração, empresa na qual a Vale tem participação, se rompeu em
Mariana (MG), deixando 19 mortos e centenas de desabrigados. O Rio Doce, que
passa por ali, foi contaminado.
Já em 2019, rompeu-se uma barragem da própria Vale em Brumadinho (MG). O
desabamento matou 265 pessoas, sendo duas mulheres grávidas. Cinco ainda estão
desaparecidas.
''É só olhar para essas tragédias e ver que a privatização foi ruim”, afirmou Carleial. "Não é questão econômica que supere isso."
''A privatização foi um péssimo negócio”,
concluiu Guimarães. “A lucratividade hoje impera sobre tudo e os resultados
estão aí”
Procurada pela Reportagem, a Vale não se
pronunciou.
VINICIUS KONCHINSKI
EDIÇÃO DE ANB
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