domingo, 18 de março de 2018

Baseadas em conhecimentos milenares, terapias integrativas promovem melhoria da qualidade de vida dos pacientes

Novos procedimentos terapêuticos baseados em conhecimentos populares foram adotados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no último dia 12. Agora, somam-se agora 29 práticas de medicina integrativa e complementar na saúde pública brasileira.

Os tratamentos são voltados para a atenção básica, ou seja, prevenir a doença antes que ela comece a existir. Os novos serviços ofertados pelo SUS incluem a apiterapia (que usa produtos fabricados por abelhas como o pólen, o própolis e o mel), a aromaterapia (modalidade que extrai óleos essenciais de plantas) e a cromoterapia (que usa as cores para equilibrar o organismo e tratar doenças), entre outros.

Aliada aos métodos da medicina tradicional, as práticas integrativas promovem a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, como destaca Edinaldo Correia Novaes, do Coletivo Nacional de Saúde do MST.

A aromaterapia extrai óleos essenciais de plantas e contribui para o bem estar físico e emocional
“Além de serem práticas não invasivas e econômicas, não vão contra o bem estar da população e do povo. São práticas que vieram do povo, então nada mais justo do que elas estarem a serviço do povo e reconhecidas pela instituições científicas, como o Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde”, afirma.

Por ano, quase cinco milhões de brasileiros procuram pelos métodos alternativos. Segundo o Ministério da Saúde, das 19 terapias que já eram oferecidas, a mais solicitada até hoje é a acupuntura.
Heleno Corrêa Filho, médico sanitarista e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que as técnicas integrativas são milenares e mais velhas que a própria medicina moderna. Por isso, ele defende que o atendimento dessas práticas não se limite à classe médica.

“Foi uma longa luta, por exemplo, para que o Conselho Federal de Medicina e os conselhos regionais reconhecem práticas como homeopatia e acupuntura e, quando essas especialidades foram oficialmente credenciadas para médicos, passou a haver uma competição corporativa para que somente médicos executassem essas práticas”, diz.

Edinaldo concorda. “O nosso Sistema Único de Saúde tem que se permitir conhecer mais a população que tem domínio dessas práticas, porque muitas vezes só permitem quem tem o conhecimento mais científico através das universidades e graduações”.

A medida é positiva por trazer mais reconhecimento às práticas complementares, mas, para Heleno, ela deve ser vista com muita cautela. Ele destaca a redução de verbas para o SUS e o congelamento do orçamento até 2036, afirmando que o objetivo do governo é o de sucatear o sistema de saúde para incentivar sua privatização.

“Ela é uma medida tomada sem maiores consultas e sem maiores explicações, como todas as medidas que esse governo faz, para um cavalo de tróia, porque certamente junto com essa medida vem outras coisas que o governo está fazendo, como credenciar planos populares de saúde para tomar dinheiro de pobre”, completa.

O ato de inclusão das novas terapias foi assinado na abertura do Primeiro Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Pública. Os serviços atenderão 9,3 mil unidades de saúde em 3,1 mil municípios brasileiros.

As informações são da repórter Emilly Dulce

Edição de Juca Guimarães

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