terça-feira, 27 de março de 2018
Essa mulher do Kansas, falecida aos 76 anos, abriu o caso que fez com que o 'apartheid' nas escolas fosse proibido

Linda Brown, uma mulher do Kansas que na década de 1950 deu nome à ação que acabou com a segregação racial nas escolas dos EUA, morreu nesse final de semana aos 76 anos, de acordo com o jornal de sua cidade natal The Topeka Capital Journal. Quando tinha somente 9 anos se transformou em um símbolo dos direitos civis pelo caso Brown v. Board of Education (Brown contra a Junta de Educação de Topeka), que acabou com as escolas separadas para brancos e negros. Mas Brown é o sobrenome de seu pai, que foi quem entrou com a ação. Porque ela era mulher e criança, dois motivos a mais para a discriminação. Um porta-voz da funerária de Topeka Peaceful Rest Funeral Chapel confirmou que Brown morreu no domingo de causas não reveladas.

Nascida em Topeka, a capital do Kansas, Brown tinha 9 anos quando seu pai, o reverendo Oliver Brown, tentou matriculá-la em 1950 na escola pública primária mais próxima à casa de sua família, instituição que era reservada a brancos. Era a escola Summer School.

A pequena Linda foi recusada pela cor de sua pele e obrigada a entrar em um colégio para negros, muito mais longe de sua casa. Nessa época, a maioria dos Estados do Sul dos Estados Unidos podia separar os estudantes por motivos raciais.

Linda Brown

AOS 76 ANOS Linda Brown, uma mulher do Kansas que na década de 1950 deu nome à ação que acabou com a segregação racial nas escolas dos EUA, morreu nesse final de semana

O pai de Linda recorreu da lei do Kansas que permitia às cidades com mais de 15.000 habitantes estabelecer escolas separadas. O longo caso judicial aberto foi apoiado e promovido pela Associação Nacional ao Avanço das Pessoas de Cor (NAACP, em inglês), uma organização fundada em 1909 para defender os direitos dos negros.

Quatro anos depois, veio a histórica sentença “Brown v. Board of Education”, em que o Supremo Tribunal acabou com a doutrina “segregada, mas igual” vigente na educação pública norte-americana desde 1896. Em 17 de maio de 1954.
O Supremo determinou que “separar (as crianças negras) de outras de idade e qualificações semelhantes unicamente por sua raça causa um sentimento de inferioridade em relação à posição na comunidade que pode afetar seus corações e mentes de uma maneira improvável de ser revertida”. Concluiu, também, que a segregação era uma prática que violava a cláusula de “proteção igualitária” que estava na Constituição. Ainda que Brown tenha sido o nome, a ação agrupava numerosos casos reunidos pela NAACP de estudantes afro-americanos recusados em instituições educativos por todo o país.

Em uma entrevista à rede PBS em 1985 em razão do 30º aniversário da sentença, Brown disse “sentir” que a decisão do Supremo teve “um impacto em todas as facetas da vida das minorias em todo o país”. “Eu penso em termos do que isso significou aos nossos jovens, na eliminação desse sentimento de cidadãos de segunda classe. Acho que fez com que os sonhos, as esperanças e as aspirações de nossos jovens sejam maiores hoje”, acrescentou.

AS INFORMAÇÕES SÃO DO EL PAÍS, COM AGÊNCIAS 
EDIÇÃO DE FERNANDO ATALLAIA

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