segunda-feira, 5 de março de 2018
00:48
| Postado por
Equipe Baluarte
|
Italianos elegeram
neste domingo um Parlamento fracionado em que nenhum partido recebeu a maioria
necessária de votos para
formar o próximo governo
Ativista mostra 'biquinhos' em ato contra o ex-premiê Silvio Berlusconi em seção eleitoral em Milão, na Itália |
Italianos elegeram
neste domingo (4) um Parlamento fracionado em que nenhum partido recebeu a
maioria necessária de votos para formar o próximo
governo, segundo uma boca de urna publicada pela rede Rai às
23h locais (19h em Brasília).
Mas a aliança
de centro-direita chegou mais perto do que as demais forças
e deve, nas próximas semanas, liderar as
negociações
para governar o país. Essa coalizão,
liderada pelo ex-premiê Silvio Berlusconi,
teve de 33% a 36% dos votos à Câmara.
As projeções
oficiais devem ser divulgadas apenas durante a madrugada. Estão
nessa aliança de centro-direita o partido de
Berlusconi, chamado Força Itália,
e a Liga, uma sigla de direita nacionalista.
Como Berlusconi não
pode ser eleito, devido a uma condenação
por fraude fiscal, o candidato a premiê
deve ser o atual presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.
O partido mais
votado individualmente foi o 5 Estrelas, um movimento contrário
ao sistema político criado pelo comediante
Beppe Grillo -teve de 29,5% a 32,5% dos votos, segundo a boca de urna. Já
o governista Partido Democrático, de
centro-esquerda, recebeu de 20% a 23%, em uma derrota para o ex-premiê
Matteo Renzi.
Mesmo inelegível,
Berlusconi é o grande vencedor deste dia e
deve celebrar a sua ressurreição política
depois de acusações de corrupção
e de orgias com uma prostituta menor de idade.
Seu retorno, porém,
enfurece parte da população. Quando o ex-premiê
chegou a seu local de votação em Milão,
uma ativista feminista subiu na mesa e despiu os seios diante dele gritando
"você está
acabado". Sorrindo, ele se retirou do local.
Quando os resultados
forem enfim confirmados, caberá ao
presidente Sergio Mattarella incumbir algum dos candidatos de tentar formar um
governo, processo em que tem autonomia. Uma das opções
de Berlusconi, caso seja de fato nomeado para a tarefa, é
se aliar ao Partido Democrático em uma
grande coalizão.
A julgar por declarações
suas contra o 5 Estrelas, não está
em discussão uma aliança
com a sigla. Caso essa saída não
funcione, a alternativa aventada por analistas é
que o 5 Estrelas forme um governo com a Liga, no que a sigla nacionalista teria
de desfazer sua aliança com Berlusconi. É
um cenário
esdrúxulo,
mas atualmente possível. No caso de
nenhuma aliança ser travada, italianos terão
de voltar às urnas. É
o mesmo impasse que a Alemanha viveu nos últimos
meses, após as eleições
de 24 de setembro.
As primeiras horas
das eleições
foram marcadas, em Roma, pela normalidade de mais um dia com as ruas tomadas
pelos turistas, abarrotando ruelas e cantinas. Um chuvisco no fim da tarde
afugentou os eleitores mais tardios.
A empresa de transporte Uber ofereceu corridas
de graça
para quem ia votar. Mas houve uma série
de imprevistos, incluindo um local de votação
que convocou eleitores para votar novamente depois de as cédulas
terem sido desconsideradas, por serem depositadas sem a presença
do supervisor do colégio.
O país
também
registrou atrasos, filas e falhas nos registros de eleitores. Ainda assim,
73,6% votaram. O voto é facultativo. Um
deles foi o estudante de engenharia Matteo, 20. "Vim evitar que gente como
o Matteo Salvini governe a Itália",
diz à
reportagem, referindo-se ao líder da Liga.
"Prefiro dar o governo de volta ao Partido Democrático,
que não
foi tão
ruim assim".
Esta é
a primeira vez em que a Itália vota com
sua nova lei eleitoral, uma mistura entre o sistema majoritário
com o proporcional. Um terço dos
assentos da Câmara e do Senado será
ocupado de maneira majoritária, ou seja,
pelo candidato que tiver o maior número
de votos em sua circunscrição.
Os dois terços
restantes serão entregues aos partidos
proporcionalmente ao resultado nacional. O modelo confundiu eleitores e levou a
erros no preenchimento das cédulas.
Foram eleitos 630
deputados e 315 senadores. Há 46 milhões
de eleitores na Itália, e mais de 4
milhões
puderam votar no exterior, incluindo os 400 mil italianos que moram no Brasil.
AS INFORMAÇÕES
SÃO
DO REPÓRTER
DIOGO BERCITO, DA FOLHA DE SÃO PAULO
EDIÇÃO
DA AGÊNCIA
BALUARTE
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