segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Bolsa de São Paulo acompanha queda, com Ibovespa retrocedendo 2,59% e com alta do dólar
O que move o abalo de nervos é a expectativa de que o BC dos EUA acelere a alta de juros no país.
 
O índice Dow Jones, a principal referência dos mercados financeiros mundiais, fechou nesta segunda-feira com a maior queda em pontos de sua história: 1.175 pontos, o que levou embora 4,6% de seu valor. A volatilidade se apoderou com contundência de Wall Street até o índice a sofrer durante os últimos momentos da sessão uma queda de até 1.560 pontos, a maior perda intradia já registrada. O índice acionário S&P 500 caiu 3% e a Nasdaq, a bolsa das tecnológicas, 2,5%. A Bolsa de São Paulo acompanhou a queda, com o índice Ibovespa retrocedendo 2,59% e com o real se depreciando 1,12% frente ao dólar.

Os solavancos já haviam começado na sexta-feira e, agora, se impõe o temor de que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, suba suas taxas de juros de maneira mais acelerada do que o inicialmente esperado. A tensão da última semana é comparável à que se viveu no começo de 2016 ou quando o Reino Unido decidiu abandonar a União Europeia. Lembra especialmente a crise financeira.

Para muitos analistas, o ajuste era inevitável. Depois de anos em que a deflação levou os BCs pelo mundo a usar armas para combatê-la, agora os preços começam a dar sintomas de recuperação. A melhora dos salários na primeira economia do mundo, pela primeira vez desde a crise de 2008, somado ao impacto da reforma fiscal de Donald Trump levam os investidores a esperar uma alta de juros mais agressiva. Até o momento, Jerome Powell, que tomou posse no FED, não se pronunciou. Até o momento, o mercado só está precificando três altas dos juros neste ano, em alinhamento com as previsões  da instituição. 

Operadores no pregão da bolsa de Nova York
Operadores da Bolsa de Nova York: O índice Dow Jones, a principal referência dos mercados financeiros mundiais, fechou nesta segunda-feira com a maior queda em pontos de sua história: 1.175 pontos.
A queda de Wall Street foi acompanhada pelas maiores companhias do mundo. O pânico afetou todos os setores. Não escaparam nem a petroleiras como a Exxon Mobile ou Chevron nem gigantes do consumo como a Coca-Cola, ou industriais como a Boeing. Atingiu até mesmo os grandes bancos, entre eles Goldman Sachs e JP Morgan.

Apesar da volatilidade extrema, os atores dos mercados asseguram que o sistema funcionou corretamente. A Casa Branca minimizou o movimento: disse que “os mercados flutuam a curto prazo” e insistiu que os pilares da economia são sólidos. É precisamente essa solidez que cria problemas agora para os investidores, porque pode elevar os riscos inflacionários e obrigar o FED a ir mais rápido.

Os mercados estão de certa maneira viciados no dinheiro barato injetado pelos BCs mundiais desde 2008. Vêm daí os flancos frágeis da economia mundial: a forte revalorização da maioria dos ativos e os altos níveis de endividamento. “No ano 2000, explodiu a bolha das ponto.com. Em 2007 ocorreu o mesmo com as hipotecas de alto risco. E agora nos encontramos em uma situação de bolha total que está distorcendo a economia”, alertou no ano passado, Nick Clay, gestor do BNY Mellon.

AS INFORMAÇÕES SÃO DO REPÓRTER SANDRO POZZI, CORRESPONDENTE DO EL PAÍS EM NOVA YORK
EDIÇÃO DE ANB ONLINE

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