sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Em Senador José Porfírio

Projeto da canadense Belo Sun foi suspenso pela Justiça, mas famílias locais já sentem os impactos


“A nossa vida sempre foi independente antes da mineradora, porque a gente tinha condição de trabalhar por conta, éramos autônomos, trabalhávamos por conta própria, não deu pra gente enricar, mas deu pra gente sustentar a família, criar os filhos; depois que a empresa se instalou, nossas atividades acabaram”.

A frase é de Francisco Pereira da Silva, 59 anos, garimpeiro artesanal e morador da Vila Ressaca, no município de Senador José Porfírio, município onde a mineradora canadense Belo Sun Mineração pretende instalar uma mina de ouro a céu aberto.
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“A nossa vida sempre foi independente antes da mineradora, porque a gente tinha condição de trabalhar por conta, éramos autônomos, trabalhávamos por conta própria, não deu pra gente enricar, mas deu pra gente sustentar a família, criar os filhos; depois que a empresa se instalou, nossas atividades acabaram”.
A transnacional pretende extrair cerca de cinco toneladas de ouro por ano no prazo mínimo de 12 anos. A licença de instalação do projeto está suspensa por determinação da justiça.

Silva fala sobre seu sonho, o mesmo de milhares de garimpeiros artesanais que construíram a história de Serra Pelada, a tão desejada montanha de ouro que atraiu homens de diversas parte do Brasil que deixaram para atrás famílias e empregos, no início da década de 1980.
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A história da Serra Pelada, no sudeste do Pará, tem extenso registro em livros, jornais e documentários, como o filme Serra Pelada - A Lenda da Montanha de Ouro. Na época, a notícia percorreu o país como...
“Sempre foi o meu sonho trabalhar com ouro porque a gente passa até vinte dias sem produzir, mas no dia em que você produz, você arrecada todo aquele tempo que você passou sem produção; acontece que em uma hora você ganha o que você perdeu em um ou dois meses, então o objetivo da gente é esse correr atrás do ouro”.

A história da Serra Pelada, no sudeste do Pará, tem extenso registro em livros, jornais e documentários, como o filme Serra Pelada - A Lenda da Montanha de Ouro. Na época, a notícia percorreu o país como rastilho de pólvora e em poucos meses a montanha com cobertura vegetal virou uma cratera com homens enfileirados como formigas. 

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A transnacional pretende extrair cerca de cinco toneladas de ouro por ano no prazo mínimo de 12 anos. A licença de instalação do projeto está suspensa por determinação da justiça.
Atualmente, a cratera em Serra Pelada deu lugar a um grande lago. A mira agora está em Senador José Porfírio. Silva chegou na Vila Ressaca na década de 1980. A comunidade fica nas proximidades da Volta Grande do Xingu, área onde a mineradora canadense quer instalar o projeto de mesmo nome, a 50 Km de Altamira.

Silva mora sozinho, mas tem duas filhas que ainda dependem dele. Ele e outros moradores do município participaram do seminário As Veias Abertas do Xingu, realizado em Belém (PA), na quinta-feira (11). Antes de a empresa se instalar na cidade, ele garimpava, por semana, de 20 a 40 gramas de ouro. Depois que a mineradora comprou as melhores "bocas”, locais onde se extrai o minério, ele passou a extrair não mais de quatro a cinco gramas por semana, o que apenas garante sua sobrevivência.

Após a canadense Belo Sun ter comprado os melhores lotes da região, a produção de Silva caiu drasticamente.
A transnacional mineradora afirma que realizou contratos de compra e venda de posses com os ocupantes de lotes e/ou fazendas de interesse para instalação do Projeto Volta Grande, seguindo os parâmetros legais.



As informações são da repórter Lilian Campelo

Edição de Fernando Atallaia e Mauro Ramos

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