segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Porque estamos
escondendo essa parte do corpo? Qual é o medo em falar sobre ela?”, questiona a
psicóloga Letícia Bahia
Buceta, pombinha, pepeca, xoxota, as partes, Países Baixos, periquita, xana, perseguida, vulva. Independente do apelido usado, falar e retratar a vulva é um tabu.
Ela se desloca sem
parada final entre as conotações sexuais e os estereótipos da depilação e pele
clara, reforçados pela indústria de filmes pornográficos. Ela faz parte de mais
da metade da população brasileira e está nas mesas de cirurgia para procedimentos
cirúrgicos como a ninfoplastia.
No entanto, as
bonecas vendidas são desprovidas de vulva. Uma boneca comercializada sem um
braço ou uma perna é uma boneca que representa mulheres com alguma deficiência
física. Mas bonecas sem vagina não são deficientes, é o padrão.
No século XVIII,
estava difundida a ideia, pelo médico Galeno de Pérgamo, que a vagina era um
pênis invertido. Somente em 2009, um estudo publicado pelo The Journal of
Sexual Medicine, mostrou que o clitóris é equivalente ao pênis, mas com 4 mil
terminações nervosas a mais.
Letícia Bahia,
psicóloga e diretora institucional da Revista AzMina, explica que a vagina
ainda é pensada como um complemento ao pênis. Nesse sentido, “existem
pouquíssimos estudos sobre a relação entre duas vulvas, por exemplo, uma relação
afetiva sexual que acontece entre duas mulheres, como se dá a prevenção de
doenças sexualmente transmissíveis. Isso porque é a partir do pênis que se
pensa a sexualidade”.
“Porque estamos
escondendo essa parte do corpo? Qual é o medo em falar sobre vagina?”,
questiona Bahia.
Apesar de não se
falar abertamente sobre a vagina, os estereótipos que a cercam estão espalhados,
por exemplo, nos filmes da indústria pornográfica, que movimenta anualmente
mais de R$ 100 bilhões, segundo a organização Treasures.
Um dos benefícios
colocados como procedente da ninfoplastia ou labioplastia, a redução de pele
dos lábios vaginais, é devolver à mulher sua sexualidade.
“A sexualidade é a
dimensão humana sobre a função reprodutiva.Tudo o que se sobrepõe de cultura
acima dela é a sexualidade”, afirma. E contínua, “não é algo que se pode
devolver ou retirar de alguém. A pergunta é como cada um vive a sexualidade e
como podemos buscar maneiras de viver as sexualidades de uma forma mais
saudável”.
A questão que Bahia
traz é a necessidade de procurar entender o porquê de tantas mulheres
brasileiras procurarem procedimentos cirúrgicos para modificar suas vulvas. “E
aí estamos falando novamente da necessidade de conversar sobre tudo isso”,
conclui.
O tabu da vagina não
é um atributo de um gênero específico. “O tabu é nosso”, diz Bahia. Diferentes
são os efeitos para cada um. No entanto, na ponta desse sistema, está o homem
que questiona do tamanho da vulva da esposa.
“Acho um equívoco a
gente transformar isso num questão de homens que não conseguem lidar com a
questão da vagina. Isso é nosso, de todos nós. Todos nós estamos produzindo,
lidando com isso”.
Segundo Halana Faria,
ginecologista do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, existe uma demanda
relacionada à imagem de uma vulva. “As mulheres muitas vezes não têm a
percepção sobre a diversidade possível de forma e tamanho das vulvas. Então,
mesmo sem problemas relacionados a lábios mais volumosos, começa a se
questionar sobre a ‘normalidade da sua vulva’.
Faria, no entanto,
lembra que a reconstrução genital nos casos de transgenitalização pode ser um
caminho para as mulheres trans construírem sua identidade de gênero. Nesse
sentido, “é preciso entender a diferença entre a medicalização excessiva do
corpo das mulheres cis e o acesso a construção de um corpo possível às mulheres
trans”.
Ainda assim, a
psicóloga Letícia Bahia afirma que a sexualidade e as modificações genitais
estão no campo da dimensão afetiva, o que torna complicado colocar esse aspecto
somente sob a responsabilidade de “alguém que, em termos acadêmicos, não tem
preparo para trabalhar nessa esfera”.
“Um cirurgião
plástico tem treinamento para resolver um problema estético, mas não para
resolver uma questão de cunho afetivo, que é uma questão de autoestima”,
conclui Bahia.
Buceta, pombinha, pepeca, xoxota, as partes, Países Baixos, periquita, xana, perseguida, vulva. Independente do apelido usado, falar e retratar a vulva é um tabu.
A vulva clara e rosada, sem pêlos, com pequenos lábios, além de remeter à infantilização e ter um caráter racista, é imposta como um padrão estético. |
Pouquíssimas são as
mulheres que sozinhas se aventuram na masturbação e descortinam seus prazeres
sexuais. Também são recentes os poucos estudos sobre a genitália feminina. Uma
campanha recente de conscientização de câncer genital, da The Eve Appeal,
mostrou que, de mil mulheres entre 26 e 35 anos, metade não soube localizar a
vagina - a parte interna da vulva, o canal vaginal.
A vulva clara e
rosada, sem pêlos, com pequenos lábios, além de remeter à infantilização e ter
um caráter racista, é imposta como um padrão estético.
Buceta, pombinha, pepeca, xoxota, as partes, Países Baixos, periquita, xana, perseguida, vulva. Independente do apelido usado, falar e retratar a vulva é um tabu. |
Em 2016, o Brasil
liderou o ranking mundial de procedimentos estéticos no corpo, segundo a
International Society of Aesthetic Plastic Surgery (Sociedade Internacional de
Cirurgia Plástica Estética). No total, foram mais de 500 mil cirurgias, cerca
de 16% dos procedimentos do mundo todo. Em segundo lugar está os Estados Unidos
e em terceiro, o México.
Porém, Bahia explica
que a sexualidade não é algo que se possa devolver tanto à mulher quanto ao homem,
pois é intrínseco ao indivíduo.
Segundo Halana Faria, ginecologista do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, existe uma demanda relacionada à imagem de uma vulva. |
Quando a ninfoplastia é necessária?
AS INFORMAÇÕES SÃO DA
REPÓRTER CAROLINE OLIVEIRA
EDIÇÃO DE FERNANDO
ATALLAIA
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Faltou a dra lembrar de XIRI essa é a mais usada na baixada maranhense pra quem gosta da fruta os baitola tem raiva kakakakka
ResponderExcluirValeu Fernando Show mano
Fran