quinta-feira, 30 de novembro de 2017

POESIA SEMPRE!
Leia na íntegra o poema inédito Sombras da obra inédita Itinerário do Baixo Forquilha-Noite, Putas e Poesia, de autoria do poeta e jornalista maranhense Fernando Atallaia 


Sombras


Pois que se dizia do amor os rasgos de dor sob os amantes apagados

Os cortes nas  faces a cada passo morto à porta aberta

O absinto derramado à véspera da morte  

Artéria ululante no acorrentado desalento 


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Povoava  carne bruta   matéria crua

Antiguidade sussurrada às lágrimas...


Pois que se dizia do amor ao longe na agônica caminhada

As veias perfuradas pela carícia que no  antes

Povoava  carne bruta   matéria crua

Antiguidade sussurrada às lágrimas modernas


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E ele veio fazer da dama a jovem puta espatifada à virgindade

Ele veio trazer ao lábio a sublime tempestade dos rios abundantes


E ele veio fazer da dama a jovem puta espatifada à virgindade

Ele veio trazer ao lábio a sublime tempestade dos rios abundantes

Como aquele que leva aos medievais  vinho aos bêbedos cruéis

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Que fez da história seu veneno mais sagrado

A vida brotando aos lados

A morte pingada ao...


Pois que se dizia do amor além do pranto sua memória
Além do manto  a escória que fez da princesa a louca nua

Que fez da história seu veneno mais sagrado

A vida brotando aos lados

A morte pingando ao pus



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Guarda  ela por ele sua última chama de travesseiros


Guarda  ele o amor por ela nos arrebois

Guarda  ela por ele sua última chama de travesseiros

Há muito não viam aos seios fogo umidade cântaros calados

Agora sabem eles do amor aquilo

Que jamais contado sobra aos olhos em imagem

Que jamais olhado toca aos pés nesse crepúsculo

Sabem eles do amor as peles devotadas

Os rígidos músculos

Não menos mais

Não tão mais que amenas

Destroçadas  palavras.





Fernando Atallaia, São José de Ribamar, Agosto de 2009

4 comentários:

  1. Poeta és fonte de inspiração para nós maranhenses, parabéns por mais essa obra inigualável
    Jorge Henrique ( Iesma)

    ResponderExcluir
  2. Amor bandido, amor dorido, amor safado, amor gozado - a poesia de Fernando Atalaia corta mais do que navalha afiada de véspera. Versos com toques de sofrimento, de êxtase, de ruptura e espasmos. Essa é a poesia deste poeta de letras malditas.

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