quinta-feira, 23 de novembro de 2017
20:10
| Postado por
Equipe Baluarte
|
Em greve há 10 dias,
trabalhadores da EBC pedem exoneração de presidente por racismo
Funcionários, paralisados desde dia 13, exigem reajuste salarial e manutenção de benefícios e caráter público da empresa.
Os jornalistas e
radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), das redações de São Paulo,
Brasília, Rio de Janeiro e Maranhão, decidiram, em assembleia realizada na
quarta-feira (22), que continuarão mobilizados contra a falta de reajuste
salarial e a retirada de direitos do acordo coletivo. A greve dos profissionais
teve início no último dia 13.
As negociações entre
os trabalhadores e a empresa estão sendo intermediadas pelo Tribunal Superior
do Trabalho (TST), que pediu ao Sindicato de Jornalistas e Radialistas do
Distrito Federal a suspensão da greve.
No entanto, Márcio
Garoni, que é integrante da Comissão de Empregados da EBC, explica que os
trabalhadores decidiram manter a paralisação até conseguirem algum tipo de
garantia de abono dos dias em que não trabalharam. Os funcionários também
querem que o Acordo Coletivo de Trabalho atual seja mantido enquanto a
negociação estiver ocorrendo."Na assembleia, achamos por bem continuar em
greve, porque a gente não tinha garantia de nada. Até o momento, não temos
proposta nenhuma, nem o TST nem a empresa melhoraram a proposta anterior",
diz.
Entre as principais
exigências da categoria está o reajuste de 4% do salário. A mobilização também
tem como pauta a manutenção de benefícios e direitos que a empresa anunciou que
pretende retirar, como a cesta-alimentação, o vale-cultura, a garantia de
translado aos trabalhadores por questão de segurança, a complementação de
auxílio previdenciário, e a multa pelo descumprimento do acordo coletivo.
Empresa pública
Outra bandeira
importante da paralisação é a manutenção do caráter público da empresa, que,
segundo denúncias dos trabalhadores, vem mudando sua linha editorial desde que
o presidente golpista, Michel Temer (PMDB), assumiu o governo. Garoni comenta
algumas das mudanças que ocorreram na EBC no último período:
"A prioridade
tem sido assumir uma agenda positiva e promover os atos do governo, e, de certa
forma também minimizar os problemas, protestos contra o governo, coisas que
antes a gente fazia", afirmou.
Diante dos desmontes
que a EBC vem sofrendo desde o golpe, Ana Cláudia Mielke, que é da Coordenação
Executiva do Intervozes e integrante do Fórum Nacional pela Democratização da
Comunicação (FNDC), considera que a mobilização dos funcionários da empresa é
"singular" para a categoria de comunicadores sociais.
“A EBC foi a primeira
a sofrer um ataque direto do governo golpista, com a Medida Provisória 744/2016,
que, dentre outras coisas, retirou o caráter público da empresa, ao destituir
seu Conselho Curador, que era um órgão que permitia a participação da sociedade
na discussão dos rumos políticos, editoriais e administrativos da
empresa."
Racismo
Mielke ressalta que a
mobilização dos trabalhadores também atende interesses da sociedade:
"Então precisamos associar uma luta em defesa dos direitos trabalhistas
dos trabalhadores da EBC à luta da defesa da comunicação pública como uma
comunicação de interesse de fato publico, democrática, e que garanta aos
brasileiros o direito à comunicação de qualidade".
Ainda sobre interesse
público, os profissionais em greve produziram uma nota de repúdio à atitude
racista protagonizada recentemente pelo presidente da EBC, Laerte Rimoli, que
ironizou a declaração da atriz Taís Araújo. Ela declarou, em uma palestra
realizada no evento TEDxSão Paulo, que "a cor de seu filho é a cor
que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem
seus carros".
"Esse
comportamento deplorável vai contra o posicionamento dos empregados e
empregadas, que sempre lutaram por uma comunicação pública diversa, inclusiva,
livre de preconceitos. (…) A EBC pertence à sociedade brasileira, composta em
sua maioria por negros e negras. Assim, não nos calaremos frente a mais esse
retrocesso na defesa da comunicação pública do país", destaca o documento.
Uma nova assembleia
dos trabalhadores será realizada nesta sexta-feira (23), com o objetivo de
analisar a resposta do TST sobre a contraproposta apresentada na última
reunião. Caso o órgão acate as exigências de garantias colocadas pelos
jornalistas e radialistas, os trabalhadores poderão voltar a trabalhar na
próxima semana.
Funcionários, paralisados desde dia 13, exigem reajuste salarial e manutenção de benefícios e caráter público da empresa.
Em assembleia, trabalhadores da EBC decidem a permanência da greve. |
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Na nota, os
jornalistas, radialistas e entidades sindicais exigem a imediata exoneração de
Rimoli, e ressaltam que, além de ter praticado um crime, o presidente descumpriu
a própria legislação que regulamenta a EBC.
As informações são da repórter Julia
Dolce
Edição de Fernando Atallaia e Vanessa
Martina
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