domingo, 4 de junho de 2017
Julgamento no TSE que pode cassar Michel Teme. Entenda:
Os sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vão se reunir na próxima terça-feira, a partir das 19h, para julgar o maior caso de sua história. São 7.942 páginas, divididas em 27 volumes, que trazem provas documentais, depoimentos, argumentos da acusação, defesa e Ministério Público sobre a suspeita de que a chapa formada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e econômico para vencer as eleições de 2014. Em meio ao terremoto político causado pelas delações premiadas de executivos da JBS, os ministros vão decidir se há indícios suficientes para cassar o atual presidente e tornar inelegível a ex-presidente.
Com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Edson Fachin, relator da... |
Fruto de quatro ações ajuizadas
pelo diretório nacional do PSDB e pela coligação Muda Brasil, entre
outubro de 2014 e janeiro de 2015, o processo já passou pelas mãos de três
ministros — João Otávio de Noronha, Maria Thereza de Assis Moura e Herman
Benjamin, o atual relator, que deu celeridade e volume de provas à ação.
Com autorização do ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF)Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato,
Benjamin percorreu o país para colher pessoalmente o depoimento dos delatores
da Odebrecht, entre eles os de Marcelo, ex-presidente, e Emílio Odebrecht,
que deram declarações contundentes sobre como o dinheiro sujo abasteceu a
campanha de 2014. O relator foi o grande responsável pelos números superlativos
do caso, que, além das quase 8.000 páginas, teve 199 despachos, 58 depoimentos
de mais de 75 horas e 380 documentos anexados, entre requerimentos,
manifestações, ofícios, mídias, mandados e certidões. Benjamin já tem
data para sair da Corte, 27 de outubro — por isso, busca finalizá-lo até
lá.
O fator JBS
Até a revelação dos depoimentos
dos delatores à Procuradoria-Geral da República e das gravações de uma conversa
entre o dono da JBS, Joesley Batista, e Michel Temer, a tese que
circulava com mais força em Brasília era a de que o peemedebista escaparia da
cassação pela Corte eleitoral. Diante das delações explosivas, que levaram à
abertura de um inquérito contra o presidente no STF e levantaram as hipóteses
de renúncia, afastamento ou impeachment dele, a derrubada de Temer do poder
pelos votos dos ministros do TSE é vista como uma saída honrosa ao mandatário.
Há dúvidas até sobre quem estaria habilitado a disputar uma eventual eleição indireta e, sobretudo, falta um nome para suceder-lhe. |
Sem fatos novos que
aprofundassem a crise política às vésperas do início do julgamento, contudo,
auxiliares palacianos aventam a possibilidade de que um pedido de vista no
plenário do TSE possa dar sobrevida ao presidente no cargo. Partidos da base
aliada, como o PSDB, principal fiador político do Planalto e, ironicamente,
autor da ação a ser julgada, aguardam a decisão do tribunal para decidir se
abandonam o barco governista.
Conforme VEJA publicou nesta
semana, mesmo enfraquecido, Michel Temer ainda conta no TSE com ministros
dispostos a defendê-lo, que buscam pretextos para protelar a decisão final e só
aceitam cassar seu mandato depois de estabelecidas regras claras para a escolha
do sucessor – coisa que ainda não existe. Há dúvidas até sobre quem estaria
habilitado a disputar uma eventual eleição indireta e, sobretudo, falta um nome
para suceder-lhe.
Entenda o rito do julgamento
O TSE montou um esquema
especial para o julgamento. O presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes,
determinou que fossem convocadas quatro sessões plenárias — duas
extraordinárias e duas ordinárias — que serão transmitidas ao vivo pela TV
Justiça. Nos dias 6 e 7 de junho, as sessões serão às 19h. No dia 8,
quinta-feira, haverá duas sessões: uma às 9h e outra às 19h.
O ministro relator, Herman Benjamin, também corregedor-geral da Corte, dará início ao julgamento. |
Na próxima terça-feira, às 19h,
o ministro relator, Herman Benjamin, também corregedor-geral da Corte, dará
início ao julgamento, lendo um resumo da ação e deliberando sobre algumas
questões preliminares, como o pedido de maior prazo feito pela defesa dos
acusados. Na sequência, os advogados da acusação, ou seja, o PSDB, autor da
ação, farão a sua explanação; seguidos pelos defensores de Dilma, de Temer e
dos seus respectivos partidos, PT e PMDB, e pelo representante do Ministério
Público Eleitoral (MPE). Conforme o regimento do TSE, cada um terá no máximo
quinze minutos para falar.
Os argumentos de todas as
partes envolvidas já são conhecidos. O PSDB pede que Temer seja isentado “de
qualquer prática ilícita” e que Dilma seja considerada inelegível por haver
“provas cabais” contra ela. Os advogados do presidente defendem a tese de que
as condutas sejam separadas, enquanto os de Dilma são contra a cisão — os dois
negam as acusações. Com base nos depoimentos dos delatores da Odebrecht, o
Ministério Público Eleitoral, por sua vez, vê o envolvimento direto de Dilma no
esquema e de menor grau por parte de Temer, mas é a favor da cassação dos dois
por considerar inviável a divisão da chapa.
E, por último,
Gilmar Mendes.
|
Só depois de as partes se
manifestarem, Benjamin pronunciará o seu voto, o que não deve ser feito em
poucas horas, já que o seu relatório tem 1.032 páginas. Na sequência,
pronunciam-se os ministros Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga, Tarcisio Vieira
de Carvalho, o vice-presidente do TSE, ministro Luiz Fux, a ministra Rosa Weber
e, por último,
Gilmar Mendes.
Representantes da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) no TSE, Gonzaga e Vieira foram indicados por Temer e
nomeados ministros da Corte eleitoral nos últimos dois meses para as vagas
deixadas, respectivamente por Henrique Neves e Luciana Lóssio.
As informações são do repórter João Pedroso de Campos, de Veja
Edição da Agencia Baluarte
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