quinta-feira, 18 de maio de 2017
O que acontece se Michel Temer cair?
Pela Constituição, serão convocadas eleições indiretas, mas há parlamentares pressionando por “Diretas já”
A
delação premiada de Joesley Batista e o seu irmão Wesley, donos da JBS,
publicada nesta quarta-feira (17) no jornal O Globo, colocou no
horizonte uma grande possibilidade de impeachment ou renúncia do
presidente golpista Michel Temer (PMDB).
Em uma
das gravações divulgadas, Temer ouviu de Joesley que o empresário que estava
dando ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na
prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: "Tem
que manter isso, viu?".
Os deputados
federais Paulo Teixeira (PT-SP) e Alessandro Molon (Rede-RJ) foram os primeiros
a entrarem com pedidos de impeachment de Temer logo após a denúncia. Um dos
textos protocolados diz que "diante da gravidade dos fatos, é
imprescindível a instalação de processo de impeachment para apurar o
envolvimento direto do Presidente da República para calar uma testemunha".
Mas e quem assume se Temer cair? |
Mas e
quem assume se Temer cair?
Linha sucessória
Segundo
a Constituição, se o vice-presidente for deposto, quem o substitui é o
presidente da Câmara; em seguida, o do Senado; e, por fim, o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF).
O
problema é que o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tornou-se
alvo de inquérito aberto pelo ministro do STF Edson Fachin, após a chamada
“delação do fim do mundo”, feita por executivos da empreiteira Odebrecht no
âmbito da operação Lava Jato. Segundo despacho do ministro, Maia pediu R$ 350
mil para financiamento de campanha. Ou seja, há um risco iminente de ele se
tornar réu, o que o impediria de assumir o cargo.
Caso
similar ocorre com o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira
(PMDB-CE), que assumiu nesta posição em 1 de fevereiro e que é citado
em três delações da operação Lava Jato.
Segundo
o advogado e membro da Consulta Popular Ricardo Gebrim, se isso ocorrer, o
Supremo pode impedi-los de fazer parte da linha sucessória, assim como fez com
o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no último 7 de dezembro.
Após
denúncia do partido Rede, baseada em jurisprudência do afastamento do ex-presidente
da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a maioria dos ministros do STF decidiu
a favor de manter Renan na presidência do Senado, com a ressalva de que ele
fique impedido de substituir Michel Temer.
Assim,
a mais provável sucessora ao cargo máximo da República seria Cármen Lúcia,
presidenta do Supremo. Ela assumiria interinamente e convocaria eleições
indiretas no prazo de 30 dias. Ou seja, quem escolheria o substituto de
Temer seria o Congresso Nacional, conforme previsto no artigo 81 da Constituição para
casos em que o presidente ou o vice saem do cargo após dois anos de mandato.
Eleições indiretas ou diretas?
Nas
eleições indiretas, qualquer partido pode apresentar seu candidato dentro do
prazo legal estabelecido, e quem votaria seriam deputados federais e
senadores. No entanto, a oposição do Congresso Nacional, composta por
parlamentares do PT, do PC do B, do PSOL, do PDT e do PSB, está com uma
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que propõe eleições diretas
imediatamente.
O
problema é que a tramitação de uma PEC é feita em dois turnos em cada uma das
Casas do Congresso Nacional. “Isso teria que ser feito em regime de urgência,
os parlamentares não teriam recesso em julho e precisariam paralisar a votação
da reforma da Previdência”, explica Gebrim.
Cientes
das dificuldades, os movimentos populares apostam no crescimento da pauta das
“Diretas Já”. “Nós, da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo,
defendemos que se mude a Constituição em caráter de urgência e que não
aconteçam eleições indiretas”, afirma Raimundo Bonfim, coordenador geral da
Central de Movimentos Populares (CMP).
“Nossa
manifestação do dia 24 de maio e a bandeira de ‘Diretas Já’ agora ganha maior
relevância”, observa o advogado popular.
Desconfiança
Para
Gebrim, a delação desta quarta faz parte de um roteiro suspeito. Ele lembra que
Cármen Lúcia se reuniu a portas fechadas, no último dia 9, com um grupo de 13
empresários, três deles são membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social, o chamado Conselhão, formado em novembro do ano passado por Temer. São
empresários pertencentes a setores variados da economia, como bancos,
telecomunicações, hotéis, companhias aéreas, incorporação imobiliária, papel e
celulose.
“Essa
gravação provavelmente já era de conhecimento da Cármen Lúcia quando ela se
reuniu com o PIB brasileiro na semana passada”, indicou.
A
professora de Direito Carol Proner, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), também desconfia do apoio da Rede Globo às denúncias e alerta:
"A
denúncia contra Michel Temer é contundente e, num país sério, é significativa
para a derrubada do governo, sim. Porém, da forma como está sendo transmitida e
comemorada, unindo a Rede Globo de televisão, o STF, a PGR [Procuradoria Geral
da República] (…); considerando que o Supremo Tribunal Federal recém
organizou uma reunião com empresários para pensar o país, sendo muitos dos
empresários formuladores do golpe de 64 além do de 2016, é algo que exige
cautela".
Para
ela, os movimentos têm que tomar as ruas, mas "a transição para o Estado
Democrático de Direito deve ser feita pelos legítimos prejudicados, que
são os trabalhadores e os movimentos sociais. E não por um novo golpe. A
população está atenta, está com muita cautela, porque não permitiremos que
novamente sejam usurpados os direitos constitucionais por aqueles que
pretendem a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e o retrocesso de
mais de um século das garantias e dos direitos no Brasil".
Segundo
o jornal Valor Econômico, “o propósito da ministra, informou uma
fonte, era ouvir dos empresários e executivos sugestões de temas que estão
paralisados no STF ou que tenham interpretações diferentes das instâncias
judiciais, com possibilidade de serem desbloqueados por decisão da Suprema
Corte”.
Da
área do Conselhão, participaram Chieko Aoki, presidente da rede Blue Tree
Hotels; Luiza Trajano, dona da rede Magazine Luiza; e Pedro Wongtschowski,
presidente do Instituo de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi). Os
demais participantes foram Betania Tanure, consultora da BTA; Candido Bracher,
presidente do Itaú Unibanco; Carlos Schroder, diretor-geral da Rede Globo;
Décio da Silva, presidente do conselho da WEG; Flavio Rocha, dono das lojas
Riachuelo; Jefferson de Paula, CEO da ArcelorMittal Aços Longos; Paulo
Kakinoff, presidente da Gol; Rubens Menin, fundador e presidente do conselho de
administração da MRV Engenharia; Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e
Celulose; e Wilson Ferreira, presidente da Eletrobras.
As informações
são da repórter Camila Rodrigues da Silva
Edição
de Vivian Fernandes Pós-edição
de Agência Baluarte
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Postagens mais visitadas
-
A nudez despudorada POR FERNANDO ATALLAIA DIRETO DA REDA ÇÃ O Um grupo de mulheres vem tirando a roupa nas noites de São Luís ...
-
Profissional da Segurança esteve na linha de frente do diálogo que levou categoria a novas isenções pela Gestão municipal POR FERNANDO ATALL...
-
Artista não resistiu às complicações neurológicas provocadas por um grave Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele estava internado desde a sem...
-
Pleiteando uma das vagas no Legislativo ludovicense, médico pioneiro na concepção, implementação e difusão de projetos voltados à saúde ment...
-
Candidata a vereadora pelo PL, enfermeira apoia o médico Dr. Julinho à reeleição e nas recentes enquetes realizadas pelos ribamarenses nas r...
-
LETRAS E CANÇÕES Leia na íntegra a letra da canção inédita Dois Passos, de autoria do cantor e compositor maranhense Fernando Atallaia...
-
Cidade devassada pelo descaso enxerga no projeto político do empresário oportunidade de sair em definitivo do limbo do abandono a partir des...
-
O jornalismo da Band destacou a polêmica envolvendo dança da cantora de funk e professora Tertuliana Lustosa durante seminário na institui...
-
Região do Baixo Parnaíba atrai cada vez mais atenção dos maranhenses preocupados com o progresso local POR FERNANDO ATALLAIA EDITOR DE M...
-
O médico Ruy Palhano, candidato a vereador com o número 30 001, conclamou a população ludovicense a se unir à sua campanha para a construção...
Pesquisar em ANB
Nº de visitas
Central de Atendimento
FAÇA PARTE DA EQUIPE DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BALUARTE
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
0 comentários:
Postar um comentário