quarta-feira, 31 de maio de 2017
O que Gabriel García Márquez fez com "Cem Anos de Solidão"
foi devolver à literatura a imaginação que, durante um século, arrebatou o
"racionalismo obscurantista"
O que Gabriel García Márquez fez com “Cem Anos de Solidão” foi
devolver à literatura a imaginação que, durante um século, arrebatou o “racionalismo
obscurantista“, disse à ANSA Conrado Zuluaga, especialista na obra
do Nobel colombiano.
“O que fez García Márquez? Devolveu à literatura o que passa por
sua cabeça, que também faz parte da realidade. Seus sonhos e pesadelos, suas
aspirações e frustrações, seus momentos mágicos e os trágicos, mas não só
aqueles que vivemos, mas aqueles que passam pela mente“, destacou o
escritor e acadêmico colombiano.
Para Zuluaga, o “realismo obscurantista“, próprio da política,
tinha se apoderado da literatura, deixando de lado a imaginação e os sonhos
como uma opção do pensamento, algo que faz parte da arte e que caracterizou
livros como “Dom Quixote”, cheio de simbologia e proximidade com o leitor.
As reflexões de Zuluaga, profundo conhecedor da literatura de “Gabo“,
coincidem com os 50 anos da publicação de “Cem Anos de Solidão“, a obra prima
do Nobel da Literatura de 1982, completados nesta terça-feira (30).
O livro, em que a impressão foi finalizada em 30 de maio de 1967, nas
máquinas da Editorial Sudamericana de Buenos Aires, saiu seis dias depois para
a venda. A partir dali, a literatura latino-americana mudou, assim como a vida
de García Márquez.
O que Gabriel García Márquez fez com “Cem Anos de Solidão” foi devolver à literatura a imaginação que, durante um século, arrebatou o “racionalismo obscurantista“, disse à ANSA Conrado Zuluaga, especialista na obra do Nobel colombiano. |
A novela esteve ao alcance dos leitores no dia 5 de junho de 1967, no
mesmo dia que começou a chamada “Guerra dos Seis Dias“, quando Israel
enfrentou no campo de batalha uma coalizão de quatro países árabes e impôs uma
derrota estrondosa.
“Quem ia prestar atenção a algum livro nesse dia? Além disso, havia
mais 20 novidade da Editorial Sudamericana“, lembra o professor, que tem uma
explicação para sinalizar porquê a novela se converteu em um fenômeno editoral,
objeto de estudo e elemento de adoração.
“Fizeram algo que se faz hoje todos os dias, mas que antes não
existia: criaram expectativa perante um novo produto que ia ser lançado. Pode
ser muito prosaico, mas no momento em que ele deixou de ser um manuscrito e se
converteu em um livro, virou uma mercadoria e é preciso vendêla como tal“,
explicou Zuluaga.
Um ano antes do surgimento da obra, García Márquez tinha publicado um
texto do início do livro no jornal “El Espectador” de Bogotá, onde trabalhou
como jornalista, somando-se ao rumor incessante entre os escritores e
intelectuais, que destacavam que estava por “aterrissar” na literatura
latino-americana uma obra revolucionária.
Escritores como Julio Cortazar, Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa
comentavam ao público sobre o livro, enquanto quatro revistas internacionais de
temas culturais se ocuparam em falar do texto, mesmo que ele não estivesse nas
livrarias.
“Não vou discutir se fizeram isso de maneira consciente ou
inconsciente, mas o fizeram com um propósito: se todos estavam de acordo, se
montaram uma máquina ou não, isso não importa agora, mas o importante é que
criaram uma expectativa“, agregou o especialista.
Tal foi o interesse por “Cem Anos” que, desde o primeiro dia, as
livrarias ficaram lotadas de pessoas para comprar o livro.
Incluso nos locais de Bogotá, por exemplo, a Librería Contemporánea,
onde os leitores precisaram se inscrever em uma lista para conseguir um
exemplar, que poderia chegar as suas mãos até um mês e meio depois.
“Isso causou uma bola de neve. Todos queriam ‘Cem Anos de Solidão’
e aqui chegou um mês e meio depois, enquanto no México demorou mais, até dois
meses. Digame: qual livro tem lista de espera?“, questionou.
AS INFORMAÇÕES SÃO DO PRAGMATISMO
EDIÇÃO DA AGÊNCIA BALUARTE
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