quinta-feira, 13 de abril de 2017
Temer ignora o ‘furacão Fachin’ de olho nas reformas, mas Congresso hesita
Presidente diz que o Legislativo não pode parar, mas Câmara e Senado interrompem as sessões do dia.
O
Brasil se prepara para assistir ao relato minucioso de como sua cúpula política
se deixou corromper de modo sistemático nas duas últimas décadas. O país viverá
a Semana Santa sob o impacto da divulgação da delação do fim do mundo, as confissões de 78 ex-executivos de
uma das maiores construtoras da América: a Odebrechet. Mas o presidente Michel
Temer tenta ignorar a tempestade causada pela divulgação dos nomes na mira do
ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal. Não prevê adotar medidas contra seus oito ministros que serão
investigados por corrupção e até pretende acelerar seu impopular programa de
reformas.
A
Câmara dos Deputados e o Senado, porém, interromperam nesta quarta-feira suas
sessões previstas. Os representantes do povo ainda não tinham se recuperado do
impacto da bomba que todos esperavam havia semanas e que caiu inesperadamente
na tarde de terça-feira: a lista de 108 políticos com foro privilegiado que o
Supremo Tribunal irá investigar com base nas confissões dos antigos executivos
da construtora Odebrecht. A notícia chegou em plena sessão da Câmara e os
deputados se lançaram de imediato sobre seus telefones para consultar a lista.
Alguns dos incluídos até reagiram com humor, como o deputado Paulo Pereira da
Silva, mais conhecido em sua base eleitoral de São Paulo como “Paulinho da
Força”, que fez piada, diante dos jornalistas: “Quem tem de se preocupar é quem
não está na lista. Isso é um desprestígio”.
A Câmara dos Deputados cancelou as sessões agendadas para esta quarta. |
Entre
os acusados de ter recebido subornos ou doações ilegais da Odebrecht em troca
de contratos ou leis que favorecessem a construtora não falta, na realidade,
quase ninguém que tenha sido alguém no Brasil nas duas últimas décadas: oito
ministros, os presidentes da Câmara e do Senado, os líderes dos dois principais
partidos do Governo, 12 dos 27 governadores dos Estados e quatro dos últimos cinco
presidentes – Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique
Cardoso e Fernando Collor de Mello. O quinto ex-presidente, que está vivo, José
Sarney, também é acusado em outra ramificação dessa macrotrama conhecida como Operação
Lava Jato.
Dois
anos depois desse escândalo de corrupção irromper, com origem nos supostos
subornos pagos por empresas em troca de contratos com a petroleira estatal
Petrobras, todo o sistema político brasileiro cambaleia. Até 15 partidos, da
direita liberal aos comunistas, têm dirigentes envolvidos. O PT, de Lula e
Rousseff, foi a princípio o mais golpeado. O clima político criado pelo
escândalo –e mais a crise econômica– foi o caldo de cultivo para o impeachment,
no ano passado, de Rousseff, embora tivesse sido apresentado como motivo legal
a maquiagem das contas públicas.
Agora,
os instigadores de sua destituição estão também sob suspeita, incluindo o PSDB,
do atual prefeito João Doria Jr., um dos nomes que crescem na bolsa de aposta
dos presidenciáveis. Além de Aécio Neves, presidente da legenda, o mentor de
Doria, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também teve um pedido de
inquérito por supostamente ter recebido milhões em contribuição de campanha
eleitoral.
O
pior, entretanto, ainda pode estar por vir. O Supremo entregou nesta quarta aos
meios de comunicação os arquivos com as confissões completa dos executivos da
Odebrecht, incluindo registros de áudio e vídeo que contêm o relato
pormenorizado de duas décadas de compadrio com a elite política do país. Embora
o Supremo previsse torná-los públicos na próxima semana, o vazamento, na
terça-feira, para o jornal O Estado de
S. Paulo o obrigou a antecipar a divulgação. Um certo alívio para o
Governo, já que as férias da Semana Santa podem amortizar os efeitos do
espetáculo.
As
mensagens que chegam do entorno de Temer são de que o presidente nem vai mudar
seu Governo nem vai desistir de seus planos, na confiança de que o percurso
judicial do caso será longo. Na noite de terça-feira transmitiu a alguns
dirigentes políticos que pretende continuar e até mesmo acelerar seu programa
de reformas, das quais a mais imediata é da Previdência. “Não podemos paralisar
a atividade legislativa”, declarou o presidente nesta quarta-feira. Os mercados
parecem confiar nele, e a Bolsa de São Paulo mostrou poucos sinais de
inquietação. Bem ao contrário dos deputados da base da maioria governamental,
temerosos de que ao desgaste pela corrupção se some a um eventual apoio a uma
reforma da previdência que tem grande rejeição popular.
AS
INFORMAÇÕES SÃO DO EL PAÍS
EDIÇÃO
DE ANB
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