segunda-feira, 6 de março de 2017
Por
um Maranhão do Conhecimento
Por Sofiani Labidi |
A tecnologia é o principal fator de progresso e de desenvolvimento do mundo contemporâneo. Crescimento econômico com equidade depende do fortalecimento, consolidação, expansão e integração do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação –CT&I, seja a nível estadual ou a nível nacional.
A Ciência
é a descoberta e geração de conhecimento.
Ela é fruto da Pesquisa científica que gera tecnologias e inovações e
consequentemente impacta a sociedade. A
CT&I tornou-se a chave para a competitividade estratégica e para o
desenvolvimento social e econômico dos estados e das nações.
Infelizmente,
o Maranhão ocupa hoje a 23º posição no ranking da competividade nacional como
uma pontuação de 34,3 de 100, ficando àfrente apenas de Piauí, Alagoas, Acre e
Sergipe caindo3 posições em relação a 2015.O estudo analisa a capacidade
competitiva dos estados brasileiros em 65 indicadores, agrupados em 10 pilares:
Educação (23º lugar), Infraestrutura (16º), Eficiência da Máquina Pública (17º),
Sustentabilidade Social (27º), Potencial de Mercado (9º), Capital Humano (21º),
Segurança Pública (12º), Solidez Fiscal (18º), Inovação (21º) e
Sustentabilidade Ambiental (27º). O
estado mais competitivo da federação continua sendo o São Paulo.
A competividade
do Brasil a nível mundial também não anda muito bem. O país chegou em 2016, a sua pior posição competitiva ocupando o 81º lugar, perdendo 33
posições em 4 anos.Infelizmente, isto é o reflexo da política brasileira
adotada nos últimos anos quando o país baseou sua economia no consumo e não na
produção, deixou de fazer as reformas necessárias ede investir na
infraestrutura, mas, sobretudo de não priorizar o conhecimento e a inovação.
É comum
considerar a ciência e a tecnologia como motores de progresso e que proporcionam
não apenas o desenvolvimento do saber humano, mas também a evolução da
humanidade.
O Maranhão,
a exemplo de vários estados brasileiros, precisa convergir seus esforços para
ser um estado produtor, um estado competitivo.
Para isto, carecemos de um “Master Plan” que traduz um Planejamento
Estratégico para os próximos 20, 30, 40 e 50 anos e uma verdadeira estratégia
de CT&I construída em parceria com a comunidade científica e o setor
produtivo.
Prejudica-nos
muito, esta visão de curto prazo.
Precisamos de ações de médio e longo prazo. Precisamos de Projetos de Estado e não de
Projetos de Governo. Precisamos definir claramente
quais as nossas prioridades? para onde vamos? com que
velocidade? e com qual estratégia? O que
queremos ser quando crescemos? Onde
queremos chegar? Precisamos traçar
caminhos, e apreender cenários plausíveis para as próximas décadas. Devemos ser proativos, conspiradores,
trabalhando e impactando o presente para mudar o futuro.
Precisamos
nos esforçar na implantação de um ambiente favorável de CT&I que tenha uma
Infraestrutura de qualidade, instituições eficientes, e Políticas eficientes.Precisamos
investir no conhecimento como a espinha
dorsal do desenvolvimento, ter uma ciência geradora de riquezas e de
crescimento, e ter uma Academia forte, uma academia que saia de sua zona de
conforto, de seu ninho, e de sua inercia para impactar verdadeiramente o seu
entorno e a nossa sociedade: micro e pequenos empresários, agricultores,
pescadores, industriais, governos, comunidades carentes, etc.
O sistema
estadual de ciência e tecnologia e muito recente. Iniciou de fato em 2003 com a criação da
Fapema, mas esta foi rapidamente extinta em 2008, até ser recriada em 2008. Durante muitos anos, o orçamento alocado à
Fapema era irrisório apesar da emenda constitucional 037/2003 que assegura meio
por cento da receita corrente líquida do estado à Fapema. Esta lei só foi de fato aplicada a partir de
2010 e atualmente os recursos alocados para investimento em CT&I no
maranhão são consideráveis embora estiverem muito longe de atingir o patamar
ideal.
Apesar de
todos esses esforços, o Maranhão continua fora do mapa nacional da ciência e
tecnologia. Isto porque o sistema de
TT&I pouco investe na formação e na atração de doutores. O Maranhão oferece poucos programas de
pós-graduação e tem hoje cerca 1.100 doutores.
É muito pouco para um estado que quer se desenvolver e que tem mais de 7
milhões de habitantes.
A segunda
razão é que o Maranhão é um dos poucos estados que não mantêm uma Estratégia
Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Realmente, é muito alheio que desde 2009, o estado não desenvolva sua
Estratégia de CT&I.
A terceira
razão é que temos uma academia desconectada da realidade e que é pouco encorajada
a interagir com a sociedade: Governo, Sociedade Civil e Setor produtivo. Infelizmente, o conhecimento gerado pela
academia é pouco aproveitado e isto constitua um grande desperdício.
A inovação
movida pelo talento é vista como o impulsionador mais importante da
competitividade que tem dois pilares: Conhecimento e Inovação.O Maranhão
precisa inovar,produzir, desenvolver tecnologias, agregar valor a seus produtos
para se tornar um estado produtor, exportador e competitivo e sair do estado de
mero copiador de modelos.
A
competição é uma das mais poderosas forças da evolução da humanidade e sem
essas condições, jamais esperamos ser competitivos.
Precisamos,
portanto, disseminar a cultura da inovação na nossa academia e junto com nossos
empresários, implantando a disciplina de Empreendedorismo em nossos currículos
acadêmicos, encorajando a instalação de Empresas Juniores, e apoiando a criação
da Rede Maranhense de Incubadoras de Empresas e instalar um verdadeiro Parque
Tecnológico focando as áreas do futuro como Biotecnologia, Aeroespacial,
Tecnologias da Informação e Nanotecnologia, i.e. as chamadas de Tecnologias
Exponenciais ou NBCI.
Nossa
academia precisa se abrir mais para a sociedade, trabalhando de forma eficiente
o tripé Ensino-Pesquisa-Extensão com foco na Inovação.Precisamos também
encontrar mecanismos para fortalecer a interação Universidade-Empresa. Isto é fundamental para o sucesso da
implantação de uma Política de Inovação no Estado além de sensibilizar e
capacitar nosso empresário no uso das tecnologias e na busca contínua por
inovações.
Acredito
neste estado de tanta brava gente e de natureza extremamente generosa. Vamos,juntos, valorizar o conhecimento como a
força motora do desenvolvimento. Vamos
desenvolver nosso Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. Ao priorizar o Conhecimento,certamente o
Maranhão estará no futuro.
Sofiani Labidi é professor e cientista. Formado na França, obteve o Doutorado em Ciência da Computação
com ênfase em Inteligência Artificial, no Instituto Francês de Pesquisa em
Informática e Automática - INRIA, um dos centros de pesquisa mais conceituados
do Mundo. Em 2008, Sofiani Labidi recebeu o título de Cidadão Maranhense pela
Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão e o Prêmio Mérito Timbira, maior
comenda do Governo do Estado pelas relevantes contribuições à Ciência do
Maranhão. Em agosto de 2012, recebeu o título de Cidadão Ludovicense, pela
Câmara de Vereadores de São Luís e foi eleito membro-efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico do Maranhão –IHGMA.
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