sábado, 25 de março de 2017
“Suicídio” de advogado no Congresso Nacional segue cercado de mistério
A grande mídia fez pouco alarde diante da morte de um advogado que
caiu do 19º andar do prédio do Congresso Nacional, em Brasília. A polícia
trabalha com a hipótese de suicídio, enquanto alguns sites levantam teorias.
Veja o que se sabe até agora.
Por volta do meio dia da última
sexta-feira (17/3), funcionários do Congresso Nacional, em Brasília, relataram
que ouviram um barulho muito forte.
“Eu pensei que tivessem jogado uma bomba.
Corri para ver o que era”, contou Lera Freire, 52, funcionária terceirizada no
Senado.
O causa do barulho foi o impacto do corpo
do advogado Adriano de Rezende Naves, 42, no espelho d’água do prédio do
Congresso Nacional. Ele caiu do 19º andar e as circunstâncias da sua morte
ainda não foram esclarecidas.
A maioria dos veículos da grande mídia não
noticiou o caso. Os que divulgaram, o fizeram de maneira tímida.
Advogado Adriano Naves morreu na última sexta-feira após cair do 19º andar do prédio do Congresso Nacional. As circunstâncias da sua morte ainda não foram esclarecidas. |
A polícia investiga se ocorreu um acidente
ou suicídio. Segundo a Assessoria da Câmara dos Deputados, a vítima não era
servidor nem funcionário terceirizado da Casa. Seria um visitante.
O Departamento de Polícia Legislativa
(Depol) instaurou inquérito para apurar o caso. As imagens das câmeras de
segurança serão analisadas para auxiliar nas investigações.
O edifício tem 28 andares e as janelas são
parafusadas desde a década de 1990. De acordo com um servidor, que ingressou na
Câmara em 1994, naquele ano uma colega se jogou dos andares mais altos do
edifício. Como medida de segurança, para evitar novos episódios, a
administração da Casa decidiu vedar permanentemente as janelas.
Teorias
Com informações reduzidas sobre o
caso e desconfiados pela ausência de cobertura da mídia, internautas começaram
a espalhar nas redes sociais teorias sobre a morte de Adriano Naves. Nenhuma
das versões foi confirmada pela polícia.
Uma das teorias sugere que o advogado
cometeu suicídio após protestar contra Michel Temer e contra a Reforma da
Previdência.
“Advogado se suicida no Congresso Nacional
em protesto contra Temer”, diz uma manchete que viralizou nas redes sociais,
mas que foi descartada pelo delegado Rogério Rezende, responsável pela
investigação da morte de Naves.
“O que pode, talvez, ter um pouco de fundo
político, é que ele estava desacreditado do país. Ele era inteligente, advogado
de alto nível e estava triste com a situação econômica. Mas nada de Michel
Temer, nem Dilma, nem nada”, relata o delegado da Polícia Civil do DF.
De acordo com Rezende, a tese mais
provável é mesmo a de que o advogado se suicidou, versão que poderá ser
confirmada nos próximos dias, quando o Instituto de Criminalística emitir um
laudo.
“Já ouvimos familiares, que disseram que
ele apresentava quadro depressivo. Tomava remédios controlados e tinha
suspendido a medicação por conta própria”, diz.
A polícia ainda não revelou se Adriano
Naves deixou alguma carta ou recado.
Outras perguntas
Confira outras questões que foram
levantadas nas redes sociais, mas que não chegaram nas mãos dos investigadores:
1. “Se não
foi protesto, por que ele resolveu escolher o prédio do Congresso Nacional para
se suicidar?”
2. “Por que
o caso demorou tanto a aparecer na mídia? Aliás, por que só apareceu na mídia
quando divulgaram o vídeo? E se não tivesse vídeo, não tinha caso?”
3. “Por que
a mídia se calou diante de um evento que aconteceu no centro político de
Brasília?”
4. “Ele
pulou de costas e de calças baixas? Se sim, isso não caracteriza suicídio. É
sinal de humilhação.”
5. “Por que
ninguém cogitou a possibilidade de homicídio?”
6. “Como
ele abriu as janelas que seriam vedadas? Como um visitante sai entrando de sala
em sala sem ser notado por seguranças?”
Vizinha
Em depoimento enviado ao site Nossa
Política, uma ex-vizinha que conviveu alguns anos com o advogado Adriano Naves
acredita que ele cometeu suicídio porque estava desiludido com a política
brasileira e com a corrupção que assola o país.
Veja o depoimento de Maria de Lourdes:
“O Dr. Adriano foi meu vizinho no Bloco D
da SQS 212. Ele era uma pessoa pacata, fechada e na maioria das vezes ficava
enclausurado por dias dentro do seu apartamento. A época eu era sindica do
prédio. Tive 6 mandatos, por isso, o conheci muito bem. Conversamos por muitas
vezes e ele era culto, inteligente e educado. Ele nutria uma profunda admiração
pelos americanos e pelas leis daquele País.
O Dr. Adriano era revoltado com a nossa
política e com os políticos sórdidos. Ele dizia que era inadmissível aceitar o
analfabetismo funcional, pois ele tinha se graduado pela UNB e não tinha tido
oportunidades, enquanto outros entravam pelas janelas. Ele dizia a corrupção no
nosso país não teria fim. O Dr. Adriano passava por um processo de dificuldades
financeiras e eu o acompanhei de perto, por ser sindica e ter disponibilidade
de conversar com ele.
No meu ponto de vista, ele cometeu
suicídio sim. Estava depressivo, tinha síndrome do pânico e encontrava-se em
dificuldades financeiras. É legal trabalhava como autônomo, de dentro do seu
apartamento que o fez de escritório e também realizava ajuda nos TCCS de
estudantes de direito. Ele vivia de bicos.
Que pena. O Dr. Adriano era bastante
revoltado com a corrupção do país. E eu comungo das mesmas ideias”.
AS INFORMAÇÕES SÃO DO PRAGMATISMO
EDIÇÃO DA AGÊNCIA BALUARTE
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