quarta-feira, 15 de março de 2017
POESIA SEMPRE!
Tomo I
Sal para quem tempera
Leia na íntegra o poema Águas da obra inédita Prelúdio às Águas de
autoria do poeta e jornalista maranhense Fernando Atallaia
Águas
Tomo I
As que molham breves
Derretendo ódios
Triturando asfaltos
Chão estéril
Olhares longos na sacada
As que molham bocas
Vulcânicas
Dramáticas
Reles
Mergulhadas na esperança dos amantes náufragos
Águas, Águas, Águas!
Saliva do Divino, dádivas
Tantos com sede, quantos tão fartos!
|
Águas, Águas, Águas!
Saliva do Divino, dádivas
Tantos com sede, quantos tão fartos!
As que chegam tarde
Esperadas aos séculos por trilhas
Ervas
Rosas
Enxadas
As mesmas que explodem casas rompem nadas
Rastejam lentas aos secos caminhos
Beijam flores florescem espinhos
Hoje terão destino certo: acabar com a alegria das donas de casa nos
varais
Deus faz tudo no momento outro: é dele as águas da lágrima
É dele o sulco por onde passam os exultantes pingos sobre a rachadura do
agreste
É como a peste infalível para alguns
Qual felicidade rogada nas orações desencontradas
|
É como a peste infalível para alguns
Qual felicidade rogada nas orações desencontradas
A mãe que aguarda o filho ansiosa por horas, minutos, segundos
O pai que planta nos terrais a semente sem abrolhos, futuro
Há de vingar o fruto um dia
Há de morrer aquele que bebe dela envenenada
O moço triste debruçado sobre o copo vazio
A moça alegre no cio pingando sua majestosa puberdade
O ancião clamando ao tempo uma gota mesmo rara
A cafetina se contorcendo ao vento para que ela passe sem demora
O louco rindo do espetáculo da queda dos trovões
Os lampiões apagados por seus rios de memória
Quando do tempo se quis apenas o inferno dos
vulcões?
Águas, Águas, Águas!
Saliva do Divino, dádivas
Tantos com sede, quantos tão fartos!
A moça alegre no cio pingando sua majestosa puberdade
O ancião clamando ao tempo uma gota mesmo rara
A cafetina se contorcendo ao vento para que ela passe sem demora |
Companheira dos telhados e do pensamento
Vão à serena a dor o lamento
Assim como vão entre as mãos molhadas a luz que
se apagava
São essas águas as tristes chuvas do mês
estrangulado na incerteza
Quebram elas as fadigas
Os baldes
As mesas
Águas para quem tem sede
Mais águas para quem se vai à correnteza
Sal para quem tempera
Chuva para quem espera
Tempestade para quem se banha
De alegria, dor e primavera
|
Hoje o céu se abriu escuro enevoado entre as
árvores pequenas
E de lá se via a nuvem acenando entre olhos, aguardando
Uma mulher coze
esperanças sobre anáguas
envelhecidas
De onde parte a vida?
Para onde os sonhos desaguam?
Águas tristonhas
Águas medonhas
Para uns aos montes
Para outros, prantos
E Ele faz do mar, sede inacessível
Do rio o
saltar do menino , afogando
É do milho a colheita abundante
Do comerciante o medo do afundar
E Ele faz do mar, sede inacessível
Do rio o
saltar do menino , afogando
|
Do lábio
sujo, novo encanto
Da nau errante, fortaleza
Da lua nova ,velho norte
Do beijo doce, tristeza
Sal para quem tempera
Chuva para quem espera
Tempestade para quem se banha
De alegria, dor e primavera
As que molham bocas
Vulcânicas
Dramáticas
Reles
Mergulhadas na esperança dos amantes náufragos
|
Águas, Águas, Águas!
Saliva do Divino, dádivas
Tantos com sede, quantos tão fartos!
Tantos com sede, quantos tão fartos!
Fernando
Atallaia, São José de Ribamar, Janeiro de 2009
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Fantástico.
ResponderExcluirÉ um prazer imenso ter acesso aos seus poemas, sempre tão surpreendentes. A sua sensibilidade reflete em suas palavras e me faz enxergar a vida de uma forma ainda mais especial. Parabéns, o seu talento e a sua sensibilidade são inegáveis.
Fantástico.
ResponderExcluirÉ sempre um prazer imenso ter acesso aos seus poemas. A sua sensibilidade reflete em suas palavras, e me faz enxergar a vida de uma forma ainda mais especial. Parabéns, o seu talento e a sua sensibilidade são inegáveis.
O tom profético dos seus escritos evidência um poeta em constante mutação e descobertas:sempre o novo achado, o milagre, a revelação.
ResponderExcluirSem palavras...Lindo como o donooo
ResponderExcluirBeijos
Rosana
Mais uma vez Atalaia deixa a sua marca, o inusitado. Como surpreendem as águas desse poema a cada estrofe!!! As mesmas águas que ora lavam o sangue, ora trazem a lama, ora geram a vida com os pigos na rachadura do Sertão, ora deixam a morte e a miséria reinar na sua escassez, na sequidão. Parabéns, Atalaia!!! A academia te espera.
ResponderExcluirMais uma vez Atalaia deixa a sua marca, o inusitado. Como surpreendem as águas desse poema a cada estrofe!!! As mesmas águas que ora lavam o sangue, ora trazem a lama, ora geram a vida como os pigos na rachadura do Sertão, ora deixam a morte e a miséria reinar na sua escassez, na sequidão. Parabéns, Atalaia!!! A Academia te espera.
ResponderExcluirNão canso de repetir por onde passo: Fernando Atallaia , um dos maiores poetas do Maranhão. Parabéns querido, mais uma vez uma obra-prima! Rosely-UEMA
ResponderExcluirBelíssimo e emocionante poema-A sensibilidade à flor da pele...as aguas de todas as estações,jorrando,feito chuva,feito rios em suas nascentes- da líquida correnteza da poesia-levando sonhos/lavando almas,com a agua benta da tua imortal poesia!
ResponderExcluirUma verdadeira ode à água, com todas as suas variantes. Nada faltou à observação do poeta, mas a mim ficou uma nesga de saudade de um dia de sol no céu azul sem nuvens. E a visão dos lagos, rios e mares servindo como fundo ao frescor de um banho de chuveiro...
ResponderExcluirFernando lindo suas poesias me deixam molhada de tesao do jeito dessa agua kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAdoro ler voce tu arrasaaaaaa
L, tua admiradora secreta da sede