quarta-feira, 4 de novembro de 2015
POESIA SEMPRE!
Leia na íntegra o
poema ‘Arquitetura’ da obra inédita Cavalos Velozes de autoria do poeta e
escritor maranhense Fernando Atallaia
Arquitetura
Desabando sobre as
muitas inflexões
Como se na vida
mais que o bastasse a ela fossem avenidas ululando sobre a Imaginação fria,
tardia, melancólica
Um peso de mundo
sobre tantos outros menos aqui que mais outros além
Essa dúbia e rancorosa
verdade inalterada de pés caminhantes sobre a esquina escura
Onde o escuro se
abre em leque para os aprisionados
Ali sob a reentrância
do artista multiplicado entre as fomes do presente e o desespero Jocoso do
passado
A vida batendo à
memoria ardente, castigada até o ultimo tilintar Dos copos sem cafés
Os fântasos
desmilinguidos esperneando às auroras demoradas, inatingíveis
No mais das vezes a
garçonete reclamava sua porção de alegria que não mais via Nascer sobre as mãos que a visitam
O prato vazio, porém
repleto de odores o levavam aos becos imundos De uma ruela desdentada pelo
tempo
Borrando as calças,
alma suspensa no varal sob o céu irremediável e fracassado por Nenhuma razão
Por nenhuma razão ou
palavra ou sequer enesgada placenta
Ele sonha a
paisagem sem coletivos, títeres desgovernados, taxistas assaltados às 6 Da manhã antiga, basilar
Um coito no vão da
incerteza onde pães sobre a mesa são comidos por Olhares
Esta a única e
verdadeira vida
Esta a última e
verdadeira vida.
Fernando Atallaia,
São Luís, Agosto de 1997
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Dramático. O personagem está à beira do suicídio ou então vai tomar a última dose para poder dormir-morrer em paz. As madrugadas às vezes são assim trágicas.
ResponderExcluir...e até hoje os pães são comidos pelos olhares e as migalhas são o que sobram em cada pedra de cantaria, porque já não há cantos nem encantos!
ResponderExcluirUma poesia construída com linguagem inovadora, imagens surreais e tons sensivelmente melancólicos (...)"entre as fomes do presente e o desespero Jocoso do passado..."(...)"alma suspensa no varal sob o céu irremediável e fracassado"(...)"Um coito no vão da incerteza onde pães sobre a mesa são comidos por Olhares"... esboça uma arquitetura literária finamente desenhada onde o poeta fala com a alma aflita e pungente!
ResponderExcluirToda esse linguagem é a cara dos nossos becos... Linguagem única, ruelas e becos imudos. Mas fiquei preocupado com ela. Parabéns Fernando Atallaia, mais uma vez surpreendendo - nos.
ResponderExcluirExcelente a posição e exposições em figuras linguísticas e do propósito subjetivo do poeta e suas composições internas. Uma exteriorização da essência do autor enquanto, construtor poético de suas elocubracoes sensitiva. Parabéns.
ResponderExcluirSinto a influência latente de Nauro Machado e das noites pardas em SL.
ResponderExcluirPoesia linda, misteriosa, triste e muito envolvente de uma riqueza sem tamanho e com muita sensualidade, parabéns mais uma vez, voce sabe decifrar a alma humana como ninguém.
ResponderExcluirBeijos meu lindo! Sou fã....
Ana Cláudia-UFMA
Poema que nos faz refletir sobre o tempo e suas circunstâncias, através de coisas bem impessoais, mas que nos atormentam a alma, como "pães sobre a mesa são comidos por olhares", ou até momentos bem paradoxais, de fácil visualização, como "tilintar dos copos sem cafés". Num primeiro momento, como retrata o poema, sinto o peso desse mundo, de tudo o que foi vivido na arquitetura edificada: quantos passos, quantas vidas, quantos amores, quantas mortes, por que não dizer também? Peso do tempo sobre os nossos ombros. Quantas responsabilidades nos deixaram os antepassados, quantas memórias temos que preservar? Ainda assim, resta-nos a beleza, mesmo que seja dos "becos imundos", do passado jocoso, da esquina escura e da avenida "ululando", pois esta é a vida que temos. Apenas esta, muitas vezes incerta, outras desgovernada!
ResponderExcluirEsse o mistério da poesia. Não ser linear. Subida íngreme, descida vertiginosa, reentrâncias, abismos, sutilezas. Mas, também, o poema pode ser visto/lido com concretude e crueza. A vida difícil de quem batalha o pão, o andar por ruas escuras, os becos com suas surpresas desagradáveis, a fauna dos trabalhadores noturnos nos café, inferninhos, lanchonetes, restaurantes, animais que espreitam para dar o bote fatal. Isto é o poema e o poeta Fernando Atallaia exorcizando o medo e a palavra. Como se dissesse, como o personagem de J. D. Salinger, "pra cima com a viga, moçada!"
ResponderExcluirO SONHAR DE UM NOVO DIA,DE DIAS MELHORES PARA TODOS NÓS NOS FAZ REFLETIR...PÃES SOBRE A MESA SÃO COMIDOS POR ILHARES...JORGE BLACK
ResponderExcluirForte e gostosa de ler como tudo que voce faz principie. Daniela Patricia
ResponderExcluirMuito interesante...
ResponderExcluirFernando vc é o cara...
Parabens pela iniciativa.
ResponderExcluirLindo poema
O silencio ensurdecedor das solitárias madrugadas, nos traz uma melancolia e pensamentos diversos vagam na cabeça. Sua poesia traduz isso muito bem.
ResponderExcluirO silencio ensurdecedor das solitárias madrugadas, nos traz uma melancolia e pensamentos diversos vagam na cabeça. Sua poesia traduz isso muito bem.
ResponderExcluirPoesia muito forte e contundente retrata o cotidiano da vida e nos faz lembrar que a vida é efêmera, e precisamos valorizar os grandes e pequenos momentos..
ResponderExcluirParabéns! Poeta, uma exposição transparente e solidário de linha poética na expressão, causando um silencio semeado de essência natural de pleonasmo,adormecendo o "OLHAR E O VER" quando se lê, portanto, sua linha poética fala pela alma, PARABÉNS.
ResponderExcluirQuando se fala em sonho acorda-se com um barulho que não é real. Fernando faz soar eco em beco que não se acha em cada esquina. Um alerta até mesmo para quem está dormindo no ponto. Valeu, Fernando!
ResponderExcluirCarlos Mallmann
O Ébrio é uma telenovela brasileira que foi produzida e exibida pela Rede Globo entre 8 de novembro de 1965 à 18 de fevereiro de1966. Foi a 1ª "novela das oito" exibida pela emissora de forma diária. Escrita e dirigida por José Castellar e Heloísa Castellar, a produção, inspirada na canção homônima de Vicente Celestino, teve 75 capítulos e, em seu primeiro capítulo, chegou a contar com uma participação do cantor.
ResponderExcluir“Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou”
O Ébrio conta a história de Gilberto, um homem que, após ser enganado por seus parentes e amigos e traído pela esposa, é dado como morto em razão de seu severo alcoolismo. Uma troca de identidade lhe confere a alcunha de "O Ébrio", pela qual passa a ser conhecido.
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"Louco, louco, louco feito um acróbata endoidecido de amor e contristadamente enternecido saltarei no abismo do teu beijo até sentir que enlouqueci teu coração e de tão livre até chorarei". Vicente Telles.
https://www.facebook.com/vicente.telles.96/videos/10206909098037843/?pnref=story