sábado, 21 de março de 2015
Executivos de empreiteiras e ex-diretores da Petrobrás estão em nova denúncia da Lava-Jato
Altos executivos e funcionários de empreiteiras como Mendes Júnior, OAS, Toyo Setal, Galvão Engenharia e Delta Engenharia figuram na lista
Por José Coutinho Júnior
De São Paulo
De São Paulo
Nesta segunda-feira (16), o Ministério Público Federal (MPF) realizou nova denúncia contra 27 pessoas envolvidas na operação lava-jato, por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e quadrilha. Altos executivos e funcionários de empreiteiras como Mendes Júnior, OAS, Toyo Setal, Galvão Engenharia e Delta Engenharia figuram entre a lista.
Cinco dos denunciados foram presos: o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobrás Renato Duque, o executivo da Galvão Engenharia Dario Teixeira Alves Júnior, o empresário da Delta Engenharia Adir Assad e os operadores Sonia Mariza Branco e Lucélio Góes. Esta é a primeira denúncia que envolve a Diretoria de Serviços da Petrobras.
Cinco dos denunciados foram presos: o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobrás Renato Duque, o executivo da Galvão Engenharia Dario Teixeira Alves Júnior, o empresário da Delta Engenharia Adir Assad e os operadores Sonia Mariza Branco e Lucélio Góes. Esta é a primeira denúncia que envolve a Diretoria de Serviços da Petrobras.
Segundo o MPF, a denúncia vem após investigação das obras de Replan, Repar, Gasoduto Pilar/Ipojuca e Gasoduto Urucu Coari. As empreiteiras OAS, Mendes Junior e Setal, que recebiam de contratos com a Petrobras, lavavam o dinheiro. Segundo as estimativas, foram 24 atos de corrupção totalizando R$ 136 milhões e 503 atos de lavagem de ativos que somam R$ 292 milhões.
Em nota, a defesa do tesoureiro do PT afirma que "o sr. Vaccari(foto) não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores, durante entrevista no dia de hoje, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010”, e que "ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT. |
Dos denunciados, quinze são de empreiteiras, cinco são operadores, quatro têm ligações com operadores, dois são ex-diretores da Petrobras e um é ex-gerente da estatal.
O então tesoureiro do PT, João Vaccari, também denunciado, é acusado de participar de reuniões com Renato Duque e empresários para lavar dinheiro utilizando-se de doações oficiais para o partido. Segundo o MPF, foram feitas 24 doações entre outubro de 2008 e abril de 2010, totalizando R$ 4,26 milhões.
Em nota, a defesa do tesoureiro do PT afirma que "o sr. Vaccari não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores, durante entrevista no dia de hoje, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010”, e que "ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT, pois as doações solicitadas pelo sr. Vaccari foram realizadas por meio de depósitos bancários, com toda a transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes".
Acordos
Em entrevista nesta segunda ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o presidente da Câmara dos deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também está na lista do procurador-geral Rodrigo Janot, junto com outros 47 políticos, que serão investigados pela operação lava-jato, afirmou que a corrupção na Petrobrás teve início no primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso, que abriu "a porteira da corrupção ao ignorar a lei de licitação nº 8.666".
Em 1998, foi publicado o decreto 2.745, que regulamentou o regime diferenciado simplificado de contratações da Petrobras.
"A Petrobras passou a obedecer a um regulamento próprio, que permitia a licitação por carta-convite por empresas cadastradas previamente na própria Petrobras. É claro que é uma desculpa até palatável, pois a Petrobras precisa competir no mercado internacional, mas ao mesmo tempo abriu a porteira para a corrupção, pois o diretor podia escolher quem ele convidava e permitir que as empresas combinassem a quem se beneficiava, as empresas podiam combinar o seu preço”.
O dono da Setal Engenharia, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, confirmou o que o presidente da câmara disse em depoimento à Justiça Federal do Paraná em fevereiro.
Segundo ele, "As empresas, com o intuito de se protegerem, fizeram um acordo entre si de não competirem entre elas mesmas. Naquela ocasião eram nove companhias e tinham o compromisso de não competir. Cada uma escolhia uma determinada obra por uma visão de mercado futuro e quando chegasse a vez daquela companhia, as outras companhias se comprometiam a submeter preços superiores", afirmou em depoimento.
Segundo ele, "As empresas, com o intuito de se protegerem, fizeram um acordo entre si de não competirem entre elas mesmas. Naquela ocasião eram nove companhias e tinham o compromisso de não competir. Cada uma escolhia uma determinada obra por uma visão de mercado futuro e quando chegasse a vez daquela companhia, as outras companhias se comprometiam a submeter preços superiores", afirmou em depoimento.
A partir de 2004, segundo Mendonça, o grupo passou a negociar com a diretoria da Petrobrás, o que tornou o resultado destas reuniões “mais efetivo”.
Defesa da Estatal
Para os movimentos sociais e sindicais,que realizaram no dia 13/05 ato em defesa da Petrobrás, os culpados devem ser punidos, mas a empresa não pode ser inviabilizada para das lugar à empresas estrangeiras.
“A Petrobras é a empresa que mais investe no Brasil: R$ 300 milhões, 13% do PIB nacional. Além disso, ela é a responsável por 86 mil empregos diretos. Defender a Petrobras é, também, defender a punição de funcionários de alto escalão envolvidos em atos de corrupção. Exigimos que todos os denunciados sejam investigados e, comprovados os crimes, sejam punidos com os rigores da lei. Tanto os corruptores, como os corruptos. A bandeira contra a corrupção é dos movimentos social e sindical. Nós nunca tivemos medo da verdade”.
“A Petrobras é a empresa que mais investe no Brasil: R$ 300 milhões, 13% do PIB nacional. Além disso, ela é a responsável por 86 mil empregos diretos. Defender a Petrobras é, também, defender a punição de funcionários de alto escalão envolvidos em atos de corrupção. Exigimos que todos os denunciados sejam investigados e, comprovados os crimes, sejam punidos com os rigores da lei. Tanto os corruptores, como os corruptos. A bandeira contra a corrupção é dos movimentos social e sindical. Nós nunca tivemos medo da verdade”.
Confira abaixo a lista dos denunciados pelo MPF:
Empreiteiras
Adir Assad - operador da Delta Engenharia
Agenor Franklin Magalhães Medeiros - Diretor-presidente da Área Internacional da construtora OAS
Alberto Elísio Vilaça Gomes - Executivo da Mendes Júnior
Alberto Youssef - Doleiro
Ângelo Alves Mendes - vice-presidente da Mendes Júnior
Augusto Ribeiro de Mendonça Neto - dono da Setal Engenharia
Dario Teixeira Alves Júnior - executivo da Galvão Engenharia
José Aldemário Pinheiro Filho – Presidente da OAS
José Humberto Cruvinel Resende – Funcionário Mendes Júnior
Julio Gerin de Almeida Camargo – Consultor grupo setal e representante da Camargo Correa
Mateus Coutinho de Sá Oliveira - vice-presidente do Conselho Administrativo da OAS
Rogério Cunha de Oliveira - diretor de Operações de Óleo e Gás da Mendes Júnior
Sérgio Cunha Mendes – diretor vice-presidente executivo da Mendes Júnior
Vicente Ribeiro de Carvalho
Petrobrás
Paulo Roberto Costa – ex-diretor da Petrobrás
Pedro José Barusco Filho - ex-gerente-executivo de Serviços e Engenharia da Petrobras
Renato de Souza Duque – Ex diretor da Petrobrás
Políticos
João Vaccari Neto – Tesoureiro do PT
Operadores
Waldomiro de Oliveira (laranja de Youssef na MO Consultoria)
Sonia Mariza Branco - ligada à empresa de publicidade Rockstar
Renato Vinícios de Siqueira
Renato Vinícios de Siqueira
Marcus Vinícius Holanda Teixeira
Mario Frederico Mendonça Góes – Operador da empresa Arxo
Lucélio Roberto Von Lehsten Góes - filho de operador suspeito de intermediar propina paga pela empresa catarinense Arxo
Luiz Ricardo Sampaio de Almeida
José Américo Diniz
Francisco Claudio Santos Perdigão
ERRATA
ERRATA
Diferentemente do que afirmava a reportagem “Executivos de empreiteiras e ex-diretores da Petrobras estão em nova denúncia da Lava Jato”, o denunciado Vicente Ribeiro de Carvalho não era engenheiro de obras na construtora Andrade Gutierrez. Trata-se de um homônimo, conforme nos foi alertado pela assessoria de imprensa da construtora. A informação já foi corrigida e o Brasil de Fato lamenta o relevante erro e qualquer inconveniente causado ao funcionário.
Abaixo, confira nota de esclarecimento da construtora Andrade Gutierrez:
A Andrade Gutierrez esclarece que não foi procurada pelo site Brasil de Fato, que incorretamente mencionou a companhia como tendo executivos e/ou funcionários em denúncia do Ministério Público Federal; o que não procede. Além de mencionar incorretamente a empresa, o site Brasil de Fato ainda citou o nome de Vicente Ribeiro de Carvalho, engenheiro de obras na Construtora Andrade Gutierrez, como sendo um dos investigados, o que também não procede, causando grave prejuízo para a imagem do profissional.
Como vem fazendo desde o início da operação, a Andrade Gutierrez afirma que não tem ligação com os fatos investigados na Lava Jato e repudia veementemente qualquer ilação envolvendo seu nome.
Abaixo, confira nota de esclarecimento da construtora Andrade Gutierrez:
A Andrade Gutierrez esclarece que não foi procurada pelo site Brasil de Fato, que incorretamente mencionou a companhia como tendo executivos e/ou funcionários em denúncia do Ministério Público Federal; o que não procede. Além de mencionar incorretamente a empresa, o site Brasil de Fato ainda citou o nome de Vicente Ribeiro de Carvalho, engenheiro de obras na Construtora Andrade Gutierrez, como sendo um dos investigados, o que também não procede, causando grave prejuízo para a imagem do profissional.
Como vem fazendo desde o início da operação, a Andrade Gutierrez afirma que não tem ligação com os fatos investigados na Lava Jato e repudia veementemente qualquer ilação envolvendo seu nome.
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