quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Rei saudita inicia governo distribuindo dinheiro e com demissão de reformistas

Família se preocupa mais com revolta conservadora do que com críticas ocidentais

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RIAD — Ao decidir em seus primeiros atos como monarca distribuir dinheiro aos cidadãos e demitir dois clérigos relativamente liberais, o rei Salman, da Arábia Saudita, sinalizou que sua abordagem para os grandes desafios do país poderá diferir da plataforma liberalizante adotada por seu falecido irmão, Abdullah, a quem sucedeu no trono. entre os decretos assinados na semana passada está a previsão de US$ 20 bilhões em bônus para os cidadãos.
Essas iniciativas sugerem uma parcialidade em relação ao conservadorismo religioso e à obtenção de apoio político — duas características que parecem contradizer as reformas modernizadoras que o governo do reino afirma ter intenção de fazer.

Embora a verdade possa ser mais complexa do que isso, as decisões indicam como Salman poderá enfrentar o iminente desafio demográfico da Arábia Saudita, que ameaça minar a legitimidade da família governante em um momento de caos regional sem precedentes.

— Tradicionalistas e modernistas seguiram separados durante o tempo do rei Abdullah, mas Salman tinha excelentes relações com ambos os lados. E cada um acha que o novo rei está do lado dele — disse Khalil al-Khalil, um acadêmico e escritor na Universidade Imã Saud, a mais influente do país.
— Prevejo que veremos conservadores começarem a testar os limites e ver o que eles podem conseguir sob o novo regime — disse um diplomata no Golfo.


O rei Salman bin Abdulaziz, em Riad: bônus de US$ 20 bilhões para os cidadãos - AFP
 

No entanto, está longe de ficar claro se Salman realmente vai desacelerar, ou mesmo fazer retrocederem, as reformas liberalizantes de Abdullah, que são populares entre jovens sauditas.
O contrato social não escrito da Arábia Saudita – segundo o qual seu povo deve ao rei obediência em troca de serviços públicos, padrões de vida confortáveis e um governo que atua de acordo com princípios islâmicos — está em risco.

O rápido crescimento populacional significa que os gastos com os cidadãos têm de ser restringidos, enquanto o aumento do acesso ao mundo exterior faz com que tanto liberais como conservadores desafiem agora o conceito do regime dinástico.

Para Salman, esses riscos são mais urgentes do que nunca devido à expansão do Estado Islâmico, cujos combatentes se vangloriam de que vão inspirar uma revolta na Arábia Saudita para derrubar a família Al Saud.

O falecido rei Abdullah tentou preservar o comando da família com as reformas destinadas a criar empregos no setor privado e pela gradual liberalização da sociedade, reduzindo restrições islâmicas. Ele também reprimiu duramente a dissidência política.

É muito cedo para dizer qual é a visão de Salman, mas uma série de decretos na semana passada deu algumas indicações, incluindo a demissão do ministro da Justiça, Mohammed al-Issa, e do chefe de polícia religiosa Abdulatif Al al-Sheikh, inimigos abertos dos conservadores sauditas.

Esses decretos também destinaram cerca de US$ 20 bilhões em pagamentos de bônus para os cidadãos e condensaram um grande número de comissões ministeriais em apenas duas, uma para lidar com questões de segurança e outra para as econômicas.

Em momentos de ansiedade, a família Al Saud sempre se preocupou mais com o risco de uma revolta muçulmana conservadora do que com a crítica ocidental ou a revolta de sauditas liberais.

Abdullah enfrentou esse desafio confrontando a elite religiosa, da qual a família Al Saud depende para sua legitimidade, forçando-a a aceitar as reformas da Sharia, no judiciário, na educação e nos direitos das mulheres.

Issa, o ex-ministro da Justiça, era criticado pelos conservadores em petições ao monarca por promover "a fedentina ocidentalizante da reforma". A saída de Al-Sheikh foi aplaudida pelos membros da polícia da moralidade, que comemoraram publicamente na sexta-feira.

Os conservadores podem ver o movimento de Salman de demitir os dois como um passo atrás na tendência liberalizante do falecido rei. Eles também ficarão satisfeitos por sua decisão de reconduzir como conselheiro do tribunal Saad al-Shethri, um extremista conservador destituído por Abdullah em 2009 por se opor à universidade para ambos os sexos.

No entanto, as mudanças no apoio dos conservadores podem não ser tão profunda como as manchetes iniciais sugerem.
O novo ministro da Justiça, Walid al-Samaani, "é da mesma escola que Issa. Ambos vieram da mesma área e atuaram nas mesmas comissões. O próprio xeque Issa supervisionou o doutorado de Samaani", disse Majed Garoub, um advogado com estreitos vínculos com o ex-ministro da Justiça.



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