sábado, 10 de janeiro de 2015

Liberdade de expressão precisa ser absoluta…

Tentar justificar o odiento atentado terrorista ao jornal francês Charlie Hebdo com a surrada frase “é preciso liberdade, mas com responsabilidade”, é um ato tão covarde quanto o dos fanáticos religiosos. Liberdade só serve, se for absoluta, plena, geral e irrestrita


Por Marco D'Eça

Quando se tenta justificar um estupro pelo tamanho da saia da moça, está-se transformando a vítima em vilão.
Quando se acha que o culpado de um assalto é o próprio cidadão que lutou para comprar umsmartphone novo, está-se justificando a criminalidade.
Da mesma forma, tentar “justificar” o ato criminoso, covarde e odiento, dos fanáticos religiosos muçulmanos contra o jornal francês Charlie Hebdo com a argumentação de que “é preciso responsabilidade na liberdade de expressão”, é também dizer que o mundo precisa ficar escondido, porque fanáticos matam quando ofendidos.
Não há poréns na liberdade. Não existe meia-liberdade de expressão.
A liberdade tem que ser plena, geral, irrestrita e absoluta. E é a tentativa de tolher esta liberdade que precisa ser caçada, não a própria liberdade.
frase
Jornalistas produzem jornalismo. E se o jornalismo atinge loucos fanáticos como os muçulmanos, não são os jornalistas que devem ser tolhidos, mas os loucos é que precisam ser caçados.
Religiosos, quanto mais fanáticos, mais perigosos são. Políticos, quando mais ideológicos, mais perigosos são. Bandidos, quanto mais livres, mais perigosos são.
E é contra esta gente que atua o jornalismo, com todos o seus defeitos e qualidades. E esta atuação deve ser exercida com absoluta liberdade.
Liberdade de expressão plena significa o direito à revelação, à provocação, ao deboche, à sátira, como faz o Charlie Hebdo. E isso é que precisa ser protegido, não o fanatismo.
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Em uma civilização democrática e livre, toda expressão deve ser plena: o direito ao culto, à adoração, à fé, mas também o direito à blasfêmia, à heresia e à contestação da fé.
Os covardes costumam apontar o cidadão feliz com seu smartphone como culpado pela ação de bandidos.
Há os que julgam a minissaia da bela moça como responsável por ela ser estuprada.
É por causa de gente deste tipo – covarde, conformada, resignada – que fanáticos  continuam a agir, ditadores continuam a proibir e ladrões continuam a pilhar.
A segurança só será plena quando a liberdade for plena.
Independentemente das consequência que isso possa ter.

Marco D'Eça é Blogueiro e Jornalista do diário O Estado do Maranhão(EMA)

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