quarta-feira, 5 de março de 2014
Ninfomaníacas
Inspirada pelo novo filme de Lars Von Trier, Carol Teixeira vai a campo para falar com mulheres que adoram sexo acima de tudo
Da Vip
Esses dias vi o recém-lançado e polêmico A Ninfomaníaca de Lars von Trier e me peguei pensando a mesma coisa. Será que a menina do filme não poderia ser apenas considerada uma pessoa um tanto compulsiva, que buscava novas experiências para se entender sexualmente? Aquela busca era, de fato, um vício? Fiquei fascinada pelo tema, comecei a analisar meu histórico sexual e o dos meus amigos, fui em grupos de viciados em sexo (cheguei a dar depoimento) e decidi escrever sobre isso. Tinha muitas dúvidas: em que ponto exato gostar muito de sexo vira um vício?
Ninfomaníacas: como a pluma a passear na densidade do desejo... |
Antes, um pouco de ciência: “A satiríase e a ninfomania são os termos médicos clássicos para o desejo sexual excessivo em, respectivamente, homens e mulheres, mas não há um consenso se tais quadros devem ser classificados como transtornos dos impulsos, como dependência, ou como um subtipo de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)”, me disse o psiquiatra Eduardo Aratangy, supervisor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ele, geralmente há o diagnóstico quando os comportamentos sexuais excessivos (frequentes e repetitivos) trazem sofrimento e prejuízos para pessoa. “A percepção de sofrimento surge quando os relacionamentos afetivos mais importantes são comprometidos, quando há consequências sociais e profissionais.”
Este é o caso de L., que foi procurar ajuda no Dasa, grupo de auxílio para dependentes de amor e sexo. Ela me contou que desde a adolescência sempre achou o sexo a forma mais fácil de agradar e ser aceita. “Tinha essa tendência de oferecer sexo em troca de aceitação e achar que as pessoas me amariam por isso. Foi um padrão destrutivo de ação que eu estabeleci muito cedo na minha vida”, diz.
L. é sexualmente compulsiva, tem a necessidade de gozar muito rápido e várias vezes numa relação sexual e quando se masturba diz não ter tempo para ver filmes ou imaginar fantasias elaboradas, quer logo chegar lá para logo ter um outro orgasmo, processo que ela reconhece como completamente mecânico. Vê o sexo como a maneira mais fácil de preencher lacunas e insatisfações de sua vida. L. resolveu mudar quando sentiu que tal comportamento estava afetando de forma significativa seus objetivos em relação a sua vida pessoal. “Tem gente que está feliz da vida dando livremente por aí, mas não é meu caso – então por isso quero tratar essa minha relação com sexo.” L. reconhece que muito do seu comportamento vem também da baixa autoestima que acaba refletindo no que ela considera um mau uso do próprio corpo.
Já minha amiga M. se encaixaria no que L. se referiu como “gente que está feliz da vida dando por aí”. “Sempre tive uma sexualidade muito aflorada. Quando eu era mais nova, era mais descontrolada, já fiz sexo oral em metrô meio vazio, já transei no fundo de um ônibus, já dei numa van de uma banda sem ninguém ver. Sempre fui hipersexualizada e percebia isso quando falava com minhas amigas, que não tinham a mesma ânsia que eu”, diz ela.
M. curte homens e mulheres, dá no primeiro encontro sem culpa caso sinta vontade e diz que algumas práticas sexuais que mulheres em geral fazem só para agradar ao parceiro (tipo deep throat e sexo anal) ela faz com muito prazer. Masturba-se em média seis vezes por semana e diz que sempre gostou de ver filme pornô por curiosidade e para aprender coisas no-vas. “Sexo para mim resolve tudo. Por exemplo: eu teria ciúme de uma menina bonita falando com meu namorado ou dando em cima dele numa balada, mas não teria de vê-la na minha frente dando para ele” (nesse ponto, lembrei da última frase do livro Juliette Society, da ex-porn star Sasha Grey: “Sexo é o grande equalizador”). Quando pergunto se ela já cogitou a hipótese de ser uma viciada em sexo, ela nega: “Nunca me atrapalhou, até meus amigos machistas me respeitam muito, sabem que eu não ultrapasso limite ético, meu grande desejo sexual não atrapalha ninguém”.
O que ficou claro para mim é que geralmente o vício no sexo vem juntamente com outros problemas e compulsões. Quem realmente era considerado ou se considerava viciado tinha vários outros problemas ligados à compulsão – vício em sexo é algo que raramente vem sozinho.
E sobre a piadinha das minhas amigas que eu devia dar depoimento para minha própria matéria? Eu diria que eu me encaixaria mais no perfil de M. e em sua visão leve sobre o assunto. Será que não fui eu que dei esse depoimento? Vocês nunca vão saber.
Carol Teixeira tem o blog aobscenasenhoritac.com.br. Siga-a: @carolteixeira_
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Postagens mais visitadas
-
A nudez despudorada POR FERNANDO ATALLAIA DIRETO DA REDA ÇÃ O Um grupo de mulheres vem tirando a roupa nas noites de São Luís ...
-
Profissional da Segurança esteve na linha de frente do diálogo que levou categoria a novas isenções pela Gestão municipal POR FERNANDO ATALL...
-
Artista não resistiu às complicações neurológicas provocadas por um grave Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele estava internado desde a sem...
-
Pleiteando uma das vagas no Legislativo ludovicense, médico pioneiro na concepção, implementação e difusão de projetos voltados à saúde ment...
-
Candidata a vereadora pelo PL, enfermeira apoia o médico Dr. Julinho à reeleição e nas recentes enquetes realizadas pelos ribamarenses nas r...
-
LETRAS E CANÇÕES Leia na íntegra a letra da canção inédita Dois Passos, de autoria do cantor e compositor maranhense Fernando Atallaia...
-
Cidade devassada pelo descaso enxerga no projeto político do empresário oportunidade de sair em definitivo do limbo do abandono a partir des...
-
O médico Ruy Palhano, candidato a vereador com o número 30 001, conclamou a população ludovicense a se unir à sua campanha para a construção...
-
Candidato tenta ser prefeito de Araioses pela primeira vez Neto Carvalho foi o entrevistado do Fala Candidato na última quinta-feira(19)...
-
O jornalismo da Band destacou a polêmica envolvendo dança da cantora de funk e professora Tertuliana Lustosa durante seminário na institui...
Pesquisar em ANB
Nº de visitas
Central de Atendimento
FAÇA PARTE DA EQUIPE DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BALUARTE
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
cOISA boa as ninfas
ResponderExcluirJosue da 13